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Quando te apetece algo, será a fome emocional a falar?

Por vezes não é de comida que precisamos. Ensinamos-te a identificar a fome emocional.

Quantas vezes a meio do dia te apeteceu desesperadamente um chocolate, de tal forma que até o devorares foste um poço de irritação? Ou repentinamente desejaste um balde de pipocas, mesmo que não estando no cinema?  

Os desejos alimentares dizem mais sobre o que vai cá dentro do que imaginamos. E não falamos aqui numa vertente nutricional, mas sim emocional. A fome não tem sentimentos, mas nós temos e  daí os nossos desejos.  

“A fome não tem sentimentos, mas poderá ser emocional e poderá, sim, trazer-nos diferentes emoções e sentimentos”, afirma a nutricionista Isabel Pedroso Silva à Versa.  

A especialista em nutrição faz até referência a um estudo da universidade Anglia Ruskin, no Reino Unido, e da Karl Landsteiner University of Health Sciences, na Áustria, que descobriu “que a fome está associada a níveis aumentados de raiva e irritabilidade, bem como a níveis mais baixos de prazer”.  

Ora aqui está o resultado de quando não comemos o chocolate tão desejado — e mostra como não foi por acaso que uma das campanhas da Snickers é conhecida pela célebre frase "tu não és tu quando tens fome". Mas quer seja a fome de doces, de salgados ou outros tipos de comida, há sempre uma razão.  

“No caso dos vários tipos de fome, podemos diferenciar a fome fisiológica, que é a chamada fome real de alimento, da fome emocional, quando é algo repentino, quase urgente, podendo estar alguma emoção por trás, desde a celebração ao aborrecimento e tristeza”, esclarece a nutricionista, especializada em saúde intestinal e comportamento alimentar.  

No fundo, as emoções fazem parte daquilo que caracteriza o nosso comportamento alimentar, isto é, "a forma como comemos e não apenas os alimentos que consumimos". 

Apetece-te um doce? Liga a um amigo  

Pega no telefone. Liga a um amigo em vez de comprar um pastel de nata no café ao lado do trabalho (a não ser que seja de Belém). Fora de brincadeiras, o desejo por algo doce pode ter três significados:

“Quanto há desejos por alimentos doces, na maioria das vezes, a pessoa sente tristeza, talvez depressão e há uma busca incessante por prazer (um pico de dopamina), que podemos traduzir por uma fome de conexão. Conversar com amigos e promover o riso poderá ajudar a atenuar estes cravings. Nestes casos, podemos tentar entender qual será, de facto, a emoção sentida e endereçar consoante a conclusão”, explica a nutricionista.  

Já um desejo por salgados pode dever-se a sentimentos de ansiedade, stress ou frustração, que podes combater com quatro práticas: descansar; respirar fundo; fazer exercício ou caminhada ou escrever.  

Ah, e se te sentes exausto mentalmente e num momento em que tens de gerir várias temas ao mesmo tempo, não é o café que te vai dar energia.O que precisas mesmo é de uma sesta, de meditar ou mesmo de nutrir o corpo, em especial o cérebro cansado.  

Há desejos que o Ambrósio pode satisfazer. 

Antes de avançarmos, há algo a esclarecer: os desejos alimentares podem ter múltiplos significados, não só emocionais. “Poderão ser consequência de uma má distribuição de nutrientes ao longo do dia alimentar da pessoa”, frisa a nutricionista Isabel Pedroso Silva.  

Ter uma alimentação equilibrada será sempre a chave para o sucesso de uma saúde perfeita a todos os níveis, incluindo a intestinal. “A alimentação tem um impacto significativo na saúde intestinal, o que, por consequência, terá um efeito na saúde mental”.  

Isto significa que quando sentes irritação, pode ser apenas consequência da alimentação. 

“Alimentos reconfortantes, como uma tigela de papas de aveia quentinhas, aumentam os níveis de serotonina, uma substância química cerebral com efeito calmante", refere a nutricionista.  

E quanto a pizzas? Podes já esboçar um sorriso para afastar as más emoções.  

“Há espaço para tudo numa alimentação equilibrada, saudável e responsável. Se sei que, na maioria dos dias da minha semana, estou a honrar o meu corpo e a minha saúde, com uma alimentação vibrante e rica em nutrientes, porque não, quando me apetece, e tendo em conta o balanço da semana, comer o gelado, a pizza ou a francesinha? Somos humanos e fazem parte de hábitos sustentáveis” — eis as boas notícias da nutricionista.  

A questão que vale milhões: como perceber de onde vem a fome? 

A fome não é nada mais do que uma sensação fisiológica, na base da Pirâmide de Maslow, que surge quando o corpo precisa de nutrientes. Explicado deste modo, parece simples. Deixa apenas de o ser quando se adiciona mais um tema: a fome emocional.  

“A maioria já sofreu, em algum momento, de fome emocional. É normal. Somos seres humanos com emoções aqui à mistura. O problema está quando comer de forma emocional se torna um hábito — como se estivéssemos constantemente em piloto automático", refere Isabel Pedroso Silva. 

Está então na altura de desligar o piloto automático e de refletir sobre o tipo de fome que estás a sentir. Eis quatro questões da nutricionista que te vão ajudar:

1. Procuras certos alimentos quando estás num período mais emocional? 

2. Quando estás stressado, tens tendência a comer até ficar extremamente cheio? 

3. Tens dificuldade em diferenciar (em ti próprio) fome fisiológica da fome emocional? 

4. Usas a comida como recompensa? (“Portei-me bem hoje, mereço…”). 

“Podemos começar por aprender a identificar as nossas emoções (estou 'stressado’ é muito vago… O que será que se passa aí mesmo?). De seguida, assegurar que não existe nenhum défice de micronutrientes, organizar o dia a dia de forma a evitar restrições desnecessárias e, finalmente, aprender ‘como comer’ como deve ser”, continua.  

Organizar a rotina alimentar podes fazer por ti, já aprender a ouvir o corpo e a comer de forma descomplicada, sem dietas restritivas, podes fazê-lo nos cursos Ouve O Teu Corpo, da nutricionista Isabel.  

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