Voz de Elton John em Portugal é designer de moda e muito mais

É músico, podcaster e designer de moda responsável por uma marca de roupa made in Portugal. A Versa conversou com Tom Cridland, que se estreia no nosso país com um espetáculo de tributo a Elton John.

Para quem nunca conseguiu ver Elton John ao vivo, há boas notícias. A 29 de dezembro, Tom Cridland, um empresário, músico e podcaster londrino de 33 anos, traz pela primeira vez a Portugal, e ao Casino do Estoril, o espetáculo “The Rocket Man Experience”, realizado pela banda de tributo “número um do mundo” do músico.

E embora já tenha passado por várias salas de espetáculo icónicas, desde que começou em janeiro de 2022, esta estreia tem um sabor especial devido à sua ligação a Portugal. É filho de mãe portuguesa, que cresceu precisamente no Estoril, e por isso está particularmente entusiasmado com este espetáculo, onde vai ter muita família a assistir.

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Mas há mais a saber de Tom, que também é designer de moda e fundador de uma marca cujas roupas têm garantia de 30 anos e são feitas em Portugal. Hugh Grant, Daniel Craig ou Leonardo DiCaprio já vestem a marca do londrino, mas ele gostava que chegasse a mais pessoas.

Antes da sua estreia em Portugal, a Versa conversou com o músico sobre “The Rocket Man Experience”, mas também com o designer sobre a sua roupa e ligação ao nosso país.

Qual a sensação de tocar a Portugal?

Estou muito ansioso por fazer um bom espetáculo porque vou ter a minha tia e primos... e pessoas que são muito importantes para mim no espetáculo. Por isso, estou mais nervoso do que o habitual porque quero fazer um bom espetáculo para eles.

Toda a tua família é portuguesa?

A minha mãe é cem por cento portuguesa. Ela é do Estoril. Portanto, o Estoril foi o primeiro sítio que conheci em Portugal. E que sítio... É lindo!

Vamos falar um pouco de moda e sobre a tua marca com 30 anos de garantia. Como é que se consegue isso?

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Bem, não somos as primeiras pessoas a fazer roupa para durar 30 anos. Foi apenas uma ideia dizer especificamente que garantimos que este artigo vai durar 30 anos. Se lhe acontecer alguma coisa, nós reparamos.

A marca foi lançada em 2015. Ou seja, foi um pouco antes de todas as empresas começarem a fazer "greenwashing" e de toda a gente ter uma perspetiva de sustentabilidade. Estava a começar o meu negócio e precisava de algo para me destacar da multidão, sem um grande investimento.

Não tinha um laboratório para reciclar algas marinhas e transformá-las em roupa ou o que quer que as pessoas estejam a fazer. Por isso, falei com a minha equipa de produção e perguntei: "Quanto tempo duram as camisolas aqui?” Porque a minha equipa de produção em Stirlitz, na altura, e também em em Parma, Itália, já fazia roupa há décadas.

Estavam a mostrar-me peças de vestuário com 50 anos. Toda a gente sabe que a moda vintage, as roupas bem feitas, duram muito tempo. Por isso, pensei que talvez não devêssemos escolher 50 ou 60 anos. Vamos optar por 30. É mais seguro. Não é ser demasiado ambicioso, mas é dizer aos consumidores: conservem as vossas roupas durante mais tempo. Não as deitem fora. Não se limitem a ir à Primark ou a algo do género e deitam-na no lixo na semana seguinte. Guardem a vossa peça de roupa.

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E, obviamente, os clientes, se pensarem numa garantia de 30 anos, vão querer tirar partido dela até ao último momento. Não vão querer deitá-la fora porque parte da razão pela qual a compraram foi porque dissemos que iria durar muito tempo. Portanto, funciona para os clientes e funcionou para me destacar da multidão.

Maior durabilidade. É algo em que se devia investir mais?

No que diz respeito ao fabrico, penso que muitas marcas poderiam talvez dar um passo em frente e fazer algo mais durável. Porque hoje em dia a moda é muito rápida. Uma coisa que se compra, não é muito cara e deita-se fora um ano ou dois depois.

Isso será porque há o sentimento de consumismo, de querer sempre mais e mais, sem se pensar na durabilidade do vestuário?

Exato, e às vezes estão a comprar coisas que são mais ou menos iguais. Até porque o sentido de vestuário, o estilo das pessoas não muda muito ao longo dos anos, a não ser que se queira ser super extravagante ou algo do género. Para mim é muito confuso saber porque é que as pessoas gostam tanto de fast fashion.

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E por que razão escolheste a Serra da Estrela para produzir as roupas, sendo a tua mãe do Estoril?

Para começar, eu sabia que queria fazer roupa em Portugal e, na verdade, foi o primeiro bom fornecedor que encontrei. Mais recentemente, foram feitos uns fatos para o meu cliente de longa data, Nigel Olsen, que é o baterista do Elton John, para usar na digressão Farewell Yellow Brick Road. E esses fatos foram feitos na Amadora.

Também fazemos roupa no Reino Unido. Quer dizer, o Brexit não foi muito bom para ter a produção na Europa, mas continuamos a fazer coisas em Portugal.

Há algum tecido específico que usem mais ou que seja o vosso favorito daqui, de Portugal?

As sweatshirts e as t-shirts são de algodão orgânico. Mas, em termos de fatos, o fornecedor da Amadora tem lã e caxemira ótimas. Também usamos os tecidos que são de Itália. Não são necessariamente de Portugal. Usamos mais a produção portuguesa. Tal como fazem muitas marcas que vêm para Portugal, para o norte em particular, produzir têxteis e calçado.

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Voltando um pouco ao início. Como pensaste em começar esta linha de roupa?

Eu queria começar uma marca de comércio eletrónico depois da universidade. Estava a tentar fazer algo empreendedor. E a primeira ideia foi mesmo fazer calças. Quer dizer, nem sequer era a melhor ideia do mundo, nem de longe. Estávamos apenas a fazer calças de ganga, mas tínhamos uma marca e íamos vender calças de ganga em todas as cores diferentes. Claro que as pessoas só queriam calças de ganga beges e calças azul-marinho. Mas foi por isso que comecei a fazer moda.

Li, pesquisei e pensei: OK, sabem, com base no que estou a ler na imprensa (isto foi em 2014, 2015), a moda sustentável vai ser o futuro. Devíamos concentrar-nos em comprar menos, mas comprar melhor qualidade. Esse deveria ser o lema da marca. E foi isso que levou à garantia de 30 anos e à camisola e t-shirt de 30 anos. Portanto, foi a pressão do empreendedorismo que levou a tudo isso. E tive de conseguir cobertura da imprensa e outras coisas aqui em Londres. Caso contrário, não conseguiria pagar a renda.

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E acho que é muito bom ter isso. Toda a gente precisa de se manter motivada. Por isso, foi quase por acaso que acabei na moda. Agora é um grande sucesso. Tem muitos clientes e clientes famosos.

Há alguém que gostasses de ver com os teus fatos?

Oh, bem, há tanta gente. E é um pouco como no podcast. Provavelmente é um cruzamento do tipo de pessoas que eu gostaria de ter no podcast. Uma das pessoas mais importantes que nunca conheci e gostaria de conhecer é o Phil Collins, mas ele não é um tipo de fatos. Ele é muito informal. Talvez vestisse uma t-shirt. Sim. Uma t-shirt de 30 anos seria muito boa para o Phil Collins, acho eu, especialmente porque espero que ele continue por cá e que continue a fazer música durante mais 30 anos. E depois o Paul McCartney. Isso seria ótimo. Mas isto é só por causa do meu gosto musical antiquado.

Em termos de portugueses, sou um grande fã do futebol português e, enquanto crescia, o Figo foi sempre um herói para mim. Então, um fato. Ele é um tipo com muito estilo, por isso, um fato seria bom para o Luís Figo. E também uma sweatshirt e uma t-shirt. Isso estaria definitivamente na minha lista de desejos.

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Sobre o espetáculo. O que podemos esperar desta estreia em Portugal?

Sim, o espetáculo é no dia 29. Serão sucessos de Elton John que as pessoas conhecem, tocados de uma forma muito autêntica. Será o mais autêntico possível em relação à música. E eu sei porque, tendo conhecido o Elton e sendo amigo do Nigel há 10 anos, fui a cerca de 50 espetáculos, conheci toda a sua banda.

Tens uma canção favorita?

Eu adoro a música I Guess That’s Why They Call It the Blues. É uma das minhas preferidas para tocar. Também gosto de Saturday Night's Alright for Fighting. Mas gosto de todas elas. Funeral for a Friend, Love Lies Bleeding...

Para o espetáculo em Portugal, vamos ter uma atuação especial de um coro de gospel vindo de Londres e uma pequena surpresa. Vamos tocar algumas canções de O Rei Leão que o Elton escreveu, que normalmente não tocamos. Só para o espetáculo do casino, para tentar fazer algo diferente, porque é logo a seguir ao Natal.

Portugal é o meu sítio preferido do mundo. Por isso, fiz tudo o que estava ao meu alcance. Quer dizer, o coro gospel de Londres não foi a decisão de negócio mais sensata, mas não me importo porque isto é pelo prazer de o fazer. Vai ser especial. Vai ser muito especial!

Em estreia absoluta em Portugal, este espetáculo é integralmente cantado e tocado ao vivo. Os bilhetes custam entre €30€ a €40 e podem ser adquiridos online.

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