O século XXI é um século ambíguo. Ao mesmo tempo que temos mais facilidades e a tecnologia melhora o dia a dia, desde as tarefas mais simples à saúde, também nos induz ao stress ao estarmos constantemente conectados, a querer cumprir com mil tarefas, no fundo, sempre na tentativa de chegar a todo o lado, embora sem saber bem como.
O recente apagão que afetou principalmente Espanha e Portugal mostrou-nos como ficar desligados pode ser aquilo de que precisamos para nos connectarmos connosco próprios.
Mas existem outras formas de alcançar o bem-estar neste século tão frenético e foi esse o tema da sessão com Anna Bjurstam, Strategic Advisor do Six Senses Hotels Resorts Spas & Senior Strategic Advisor do Raison D´Etre, em Estocolmo, Suécia, no congresso Longevity Med Summit 2025, que aconteceu em Lisboa entre 6 e 8 de maio.
O grande objetivo do congresso Longevity Med Summit 2025 é redesenhar o bem-estar e a longevidade, em particular no mundo da hotelaria, e Anna dá-nos algumas luzes.
"Wellness e a longevidade estão finalmente ligados", começa por dizer, explicando de seguida porque é que esse passo é fundamental. "É importante saber que o bem-estar é incrivelmente importante para uma vida longa e saudável, mas se olharmos para longevidade, é mais do que isso", refere.
Longevidade, mostra, é ter em conta os traços biométricos e os níveis de stress, é atuar para uma optimização metabólica, fazer intervenção senolítica, focar no rejuvenescimento celular e na suplementação – tudo áreas em que os novos programas hoteleiros já estão a apostar, diz.
O que é spiritual wellness
"Ser velho não é uma treta", afirma Anna. O que todos queremos é viver melhor, passem os anos que passarem, e para isso é fundamental garantir o bem-estar desde cedo. Mas mais do que os clássicos fazer exercício, comer de forma saudável, cuidar da pele ou apanhar sol para obter vitamina D, há um novo termo que nos permite alcançar o tão desejado bem-estar com o avançar da idade: spiritual wellness.
O nome diz tudo, em português bem-estar de espírito, e para essa harmonia é preciso atuar através de quatro grandes áreas: a prevenção, cuidados personalizados, ligação corpo-mente e abordagem holística. Felizmente, a oferta no mercado está cada vez mais preparada para isso.
As unidades hoteleiras tornaram-se na grande meca do bem-estar nos últimos anos, com propostas de programas de bem-estar que vão muito além de um menu de almofadas ou de um colchão de alta gama.
Anna Bjurstam dá o exemplo do que é a oferta no Six Senses Hotels Resorts Spas, unidades em que é possível encontrar um programa de seis dias, focado na autofagia, crescimento e na desativação e reativação do MTOR (sigla para "mammalian target of rapamycin"), que diz respeito a uma proteína quinase que desempenha um papel central na regulação do crescimento celular, metabolismo, proliferação, e sobrevivência.
Este programa propõe num tratamento holístico do indíviduo, sem intervenção médica, mas pronto a educar e a fazer cada pessoa perceber como alcançar a longevidade.
O futuro do bem-estar
Enquanto Anna Bjurstam do grupo Six Senses defende que o futuro do bem-estar será uma prática híbrida, que envolva "o melhor de dois mundos, a precisão da medicina moderna e os serviços de bem-estar personalizados", outras abordagens têm mais dois oradores.
Laszlo Puczko, Senior Health Spa Advisor do Ensana Health e dos Spa Hotels, em Praga, República Checa, defende que a prática dos locais onde trabalha passa por "tirar os problemas dos pacientes, como a dor ou o stress, depois prevenir e depois adicionar" novos métodos e soluções.
Já Céline Vadam, Founder e CEO do Wei Think, prevê que o futuro do bem-estar será "oferecer algo diferente", dando como exemplo o espaço de wellness do Four Seasons Resort Marrakech, que se inspirou na cultura local dos hammams para criar um spa fora da caixa que respeita o país e consegue, ao mesmo tempo, inovar.