Mamografia, biópsia, diagnóstico, tratamento, cirurgia, efeitos secundários, reconstrução da mama e controlo contínuo são normalmente os oito passos considerados ao longo do processo de doença e tratamento do cancro da mama.
Contudo, além do tratamento primário, os pacientes enfrentam efeitos colaterais a longo prazo (raramente considerados parte da doença), como linfedema (inchaço nos braços), fadiga crónica, depressão, ansiedade e disfunções sexuais. Efeitos limitativos, emocional e fisicamente desgastantes que exigem cuidados abrangentes paralelos que vão além do tratamento do tumor e/ou reconstrução mamária.
O lado b do cancro da mama está assim intrinsecamente ligado ao impacto emocional, físico e sexual da doença e só com a reabilitação conjunta destes três pilares se pode falar na cura total da paciente.
Este lado desconhecido do cancro mais comum entre as mulheres reflete-se num conjunto de doenças secundárias - de saúde sexual - que, por vergonha ou desconhecimento, não são faladas. Perda de libido, secura vaginal (devido aos tratamentos hormonais), dor durante as relações sexuais e alterações na autoimagem devido às cicatrizes cirúrgicas, são apenas alguns exemplos. Doenças que condicionam a vida da mulher, do casal, mas que, tal como o cancro, têm tratamento e não podem continuar a ser ignoradas.
É urgente falar destas doenças secundárias, colocá-las na ordem do dia, expor as limitações e constrangimentos que envolvem, e desmistificá-las. Falar sem pudor e sem preconceitos das disfunções sexuais femininas que são comuns a quem sobreviveu ao cancro da mama.
Só quem não passou pelo processo ou acompanha de perto um caso real, acredita que a remoção do tumor e posterior reconstrução da mama é o culminar do tratamento. De todo, este é apenas mais um passo de um processo desgastante que não precisa de ser massacrante.