Um estudo publicado na revista científica Circulation traz notícias animadoras para quem só consegue encaixar na sua agenda a prática de exercício físico ao fim de semana. A investigação, que analisou dados de quase 90.000 participantes no Reino Unido sugere que concentrar o exercício semanal num ou dois dias pode ser tão benéfico como distribuí-lo ao longo da semana.
As conclusões deste estudo contradizem as recomendações veiculadas até agora sobre a prática de exercício e podem revolucionar a forma como os profissionais de saúde abordam as recomendações de atividade física.
"Demonstrámos que a atividade física de fim de semana pode proporcionar benefícios não só para doenças cardiovasculares, como anteriormente demonstrado, mas em todo o espectro de condições", explica. Shaan Khurshid, coautor do estudo e assistente médico no Centro de Arritmias Cardíacas do Hospital Geral de Massachusetts, citado num artigo do jornal El País.
Os participantes do estudo, com uma idade média de 62 anos, que praticaram 150 minutos de exercício moderado, recomendados pela Organização Mundial de Saúde em apenas dois dias, apresentaram benefícios para a saúde comparáveis com pessoas que distribuem a sua atividade física por vários dias.
O artigo do jornal espanhol expõe o caso de José Giner, de 63 anos. Há cinco anos que anda de bicicleta com amigos pelas estradas dos arredores de Valência aos fins de semana. “Tenho um horário por turnos muito complicado. Nas manhãs ou tardes livres, costumo pôr em dia trabalhos pendentes em casa ou no campo", explica. Giner representa os 16% de praticantes de desporto em Espanha que concentram a sua atividade física aos fins de semana e feriados.
Luis Rodríguez Padial, presidente da Sociedade Espanhola de Cardiologia, considera os resultados do estudo positivos para quem, como ele, pratica exercício aos fins de semana. "Embora estudos anteriores tenham encontrado benefícios na prática de três dias de exercício, não estava claro se concentrar toda a atividade num ou dois dias seria igualmente útil. Esta investigação, com um elevado número de participantes, demonstra resultados semelhantes aos de quem distribui o exercício ao longo da semana”, disse citado pelo El País.
Almudena Beltrán, especialista em medicina interna da Clínica Universidad de Navarra, vê estas conclusões como uma ferramenta valiosa para os profissionais de saúde. “Isto dá-nos uma nova forma de ajudar os pacientes a prevenir doenças através da atividade física”, explica. “É particularmente útil para aqueles que apontam a falta de tempo como barreira para a prática de exercício ou que descartam o treino de fim de semana por o considerarem insuficiente.”
As implicações do estudo sugerem que o volume total de exercício pode ser mais importante do que o padrão de atividade. “Estes resultados essencialmente dizem que devemos atingir aqueles 150 minutos como pudermos”, sublinha Beltrán.
Embora as conclusões sejam observacionais e necessitem de validação adicional, podem significar uma alternativa de hábitos para quem tem dificuldade em manter rotinas regulares de exercício durante a semana.