Os primeiros grupos sanguíneos foram descobertos no século XX, mais precisamente em 1901, pelo médico e cientista austríaco Karl Landsteiner. Na altura, identificou os grupos A, B e O, uma descoberta revolucionária na medicina, mas que não estagnou no tempo.
A ciência continua a estudar os grupos sanguíneos e um mistério detetado em 1972 foi, finalmente, resolvido.
Há mais de 50 anos os médicos verificaram que uma paciente grávida tinha elevada ausência do antigénio eritrocitário AnWj no sangue e desde então a comunidade científica suspeitava que tal se devesse "a uma supressão transitória da expressão do antigénio".
Mas os cientistas quiseram ir mais além para perceber o fenómeno e descobriram então "homozigotia para a mesma grande deleção exónica no gene MAL, a qual foi confirmada noutros indivíduos AnWj-negativos não relacionados".
Por outras palavras, o que acontece é que quando uma pessoa herda duas cópias do gene MAL, acaba por ter um tipo de sangue AnWj-negativo de causa hereditária, tal como a paciente grávida tinha.
Este é um tipo de sangue raro, que dificultou o processo novo estudo, mas felizmente já foi possível identificar o novo grupo sanguíneo, facilitando assim processos de transfusão de sangue em que é fundamental fazer a associação certa de modo a evitar reações adversas no corpo ou mesmo a morte.
No entanto, ao contrário de outros grupos sanguíneos, o AnWj-negativo não é possível detetar logo à nascença, uma vez que só se manifesta algum tempo após o nascimento.
Sendo um tipo sanguíneo raro, é fundamental fazer mais estudos nos poucos casos clínicos que existem, para assim perceber o impacto que tem na saúde de cada pessoa e, por consequência, gerir este tipo de sangue a nível de transfusões, que poderão salvar vidas.
O estudo que revela este novo grupo sanguíneo foi realizado por cientistas britânicos e israelitas e foi publicado na revista cientifica Blood.