Ted Danson e Shelley Long | Fotografia: Vinnie Zuffante, Getty
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Já ouviste falar em "orelhas de abano"? E em otoplastia?

O termo otoplastia pode não ser muito conhecido, mas afetar mais pessoas do que imaginamos. Um artigo educativo pelo médico otorrinolaringologista Filipe Magalhães Ramos.

Dr.º Filipe Magalhães Ramos

O termo otoplastia abrange vários tipos de cirurgia que se destinam a corrigir, ou melhorar, a forma, a posição ou a proporção das orelhas. O âmbito de intervenção é amplo, visando soluções cirúrgicas para problemas que vão desde forma e posicionamento inestéticos a malformações congénitas, ou deformações provocadas por rasgões ou distensão dos lóbulos das orelhas, devidas, por exemplo, à utilização de brincos, piercings ou alargadores.

Vamos centrar-nos, neste texto, especificamente na cirurgia que incide nas orelhas proeminentes, ou seja, as chamadas “orelhas de abano”. Estamos perante uma condição que, não provocando perda de audição, desempenha um papel importante na definição da aparência física, já que se destacam mais do que o habitual em relação à cabeça, com impacto psicoemocional, acarretando problemas de autoestima e socialização, com particular acuidade nas crianças.

Na verdade, há vários estudos que demonstram problemas de autoestima e integração em contextos sociais, nomeadamente nas escolas, em crianças e adolescentes com “orelhas de abano”. No convívio escolar, são expostas a provocações por parte de colegas, falando-se mesmo em situações de bullying, que põem em risco um desenvolvimento saudável. Conscientes desta problemática, os pais procuram ajuda médica cada vez mais cedo, com a esperança de agir preventivamente. Põe-se, assim, a questão da idade ideal para a intervenção cirúrgica. A resposta mais adequada parece situar-se entre os cinco e os seis anos, pelas razões a seguir indicadas. Em primeiro lugar, acautela-se a correção antes da entrada para o primeiro ciclo de escolaridade. Depois, garante-se que a cartilagem está suficientemente desenvolvida para suportar as suturas realizadas para criar a nova posição da orelha. Por fim, mas não menos importante, previnem-se problemas no pós-operatório, já que a criança consegue controlar melhor a natural tendência para remover pensos e mexer no local intervencionado.

O processo cirúrgico é simples e baseia-se numa incisão cutânea, com possibilidade de excisão ou fragilização da cartilagem, bem como suturas, consoante a técnica usada.

Poder-se-á ainda usar “clips” de titânio na cartilagem para atingir o resultado desejado. Tal permite, com uma incisão somente na face posterior da orelha, aproximar o pavilhão auricular da crânio. A cicatriz é quase imperceptível, situando-se na parte posterior da orelha, o que a torna inacessível à vista.

O processo anestésico consiste geralmente em sedação e anestesia local, podendo, em crianças, recorrer-se à anestesia geral.

Naturalmente, a otoplastia realiza-se tanto em crianças e adolescentes como em adultos. À semelhança de outras cirurgias em que se busca a harmonia facial através da correção ou melhoria de aspetos anatómicos, a otoplastia é procurada por quem se sente insatisfeito com a protuberância, por vezes assimétrica, das suas orelhas e, não raramente, transporta essa vontade desde a infância.

Nunca será demais referir que a consulta com um especialista é indispensável, para que seja levada a cabo uma avaliação anatómica cuidada e sejam esclarecidas cabalmente as questões relativas ao processo cirúrgico, recuperação e gestão de expectativas.

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