Bella Hadid com o vestido da Coperni
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McQueen é McQueen, mas vamos lá falar do vestido de Bella Hadid

A Coperni criou um vestido (literalmente) em pleno desfile na Semana de Moda de Paris.

Confesso que não fiquei impressionada quando vi as imagens de Bella Hadid no desfile da Coperni, e dois cientistas de pistolas de tinta na mão, a criarem em pouco tempo, um vestido com que a modelo desfilou, em plena Semana de Moda de Paris. Talvez injustamente.

Apenas de cuecas e de saltos altos, a modelo de 25 anos foi coberta com uma camada semelhante ao látex, criando-se um daqueles instantes em que a arte e moda se juntam ( e aqui até a ciência) e que fazem dos desfiles momentos de espetáculo e dramatismo únicos.

Assim que vi as imagens, fui automaticamente para o desfile de Alexander McQueen, quando em 1998 a modelo Shalom Harlow usa um vestido de várias camadas de papel branco, e que em pleno desfile é pintado repentinamente por dois robôs pulverizadores de tinta de carro.

Foi uma performance à McQueen. É um dos melhores momentos da moda até hoje. Um coup de théâtre de um dos maiores génios da indústria, e por mais vezes que reproduza o vídeo, a emoção e aquela sensação row continuam lá: Harlow de pé num equilíbrio que nos faz balançar, com os braços que a protegem das máquinas programadas. Uma mulher contra a máquina. É comovente. Talvez até sexual. Shalom Harlow era bailarina, não precisou de ensaios, e tudo aconteceu de forma espontânea.

Os tempos eram outros. Ainda tínhamos McQueen. Na primeira fila ainda tínhamos Isabella Blow, e claro também lá estava Philip Treacy. Mas em finais dos anos 90 criar ao vivo uma peça de arte (podemos lhe chamar graffiti?) foi uma verdadeira experiência imersiva, totalmente nova, que nos dias de hoje ainda é, por vezes, a aspiração de muitas marcas de moda. Quando o vi ao vivo na exposição “Savage Beauty” no V&A em Londres, lá estava ele, numa sala ao estilo Cabinet of Curiosities, em grande destaque e o meu coração bateu. McQueen é McQueen, pelo menos para mim. Uma personagem maior que a vida, que não tinha apenas voz, mas sim sempre algo original para dizer.

E daqui saltamos para 2022. A verdade é que a Coperni criou aquele momento “uau” na Semana de Moda de Paris e nos deixou, uma vez mais, a balançar sobre o futuro desta indústria. Aqui não vemos o confronto entre a mulher e a máquina, mas sim a forma como um spray com um composto químico (polimerizado) ao contactar com a pele, cria um novo tecido. A marca trabalhou com o cientista espanhol Manel Torres e a sua equipa do Centro de Inovação em Biociências de Londres para desenvolver o vestido spray-on. E espantem-se, o vestido pode ser removido, transformado novamente numa solução e voltar a ser usado.

Mais uma vez a moda e a arte confundem-se ( ou unem-se) agora na versão século XXI, onde existem líquidos cutting-edge, impressões em 3D e até moda digital. Fundada por Arnaud Vaillant e Sébastien Meyer em 2019, a Coperni é conhecida por testar os limites da moda através da inovação científica. Não é por acaso, que a marca vai buscar o seu nome a Copérnico, o astrónomo da era renascentista, e é por isso que se inspira na ciência, no progresso, na inovação e tecnologia.

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