Cirurgia estética | Fotografia: D.R.
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Principais cuidados a ter com uma cirurgia estética

Fazer ou não uma cirurgia estética? Tudo o que ter em conta num artigo de opinião pelo Dr. Filipe Magalhães Ramos, otorrinolaringologista e diretor das Clínicas de Cirurgia Plástica FMR.

Dr. Filipe Magalhães Ramos, otorrinolaringologista, diretor das Clínicas de Cirurgia Plástica FMR

Quem pensa em realizar uma cirurgia estética tem em mente uma transformação, a que pode também associar-se a vertente funcional. Um ponto de partida adequado será encontrar um cirurgião qualificado, com credenciais e experiência no procedimento que pretende realizar. Atualmente, a divulgação de resultados do especialista com suporte de imagem, seja nos media ou nas redes sociais, pode ser uma ferramenta facilitadora desta seleção. Escolhido criteriosamente o profissional, devem ser clarificadas as opções disponíveis, colocadas abertamente as questões sobre o processo cirúrgico, avaliados os riscos de cada caso particular, para que o paciente se sinta confiante e confortável com a decisão tomada. É muito importante que informe o cirurgião sobre problemas de saúde e estilo de vida, já que o risco de complicações pode aumentar com algumas patologias e potenciar, por exemplo, problemas de cicatrização, ou formação de coágulos. Do mesmo modo, os pacientes fumadores deverão expor essa particularidade, que pode aumentar riscos e alongar o tempo de recuperação.

É importante que se construam expectativas realistas com o cirurgião, recorrendo, se necessário, a processos de simulação. Esclarecimentos sobre os aspetos específicos da recuperação e questões da vida quotidiana que deverão ser considerados no período pós-cirúrgico (trabalho, viagens, vida familiar e social), ou o tipo de cuidados e a eventual necessidade de apoio constituem um fator importante para garantir a serenidade e o bem-estar ao longo do processo.

Turismo de saúde

A realização de uma cirurgia estética no estrangeiro pode representar um problema, porque há vários riscos potenciais que dependem, em larga medida, da formação e experiência dos profissionais, bem como da qualidade das instituições médicas em que a cirurgia é realizada. Nenhum procedimento cirúrgico está isento de complicações. O objetivo é minimizá-las, por exemplo, com um processo correto e pormenorizado de avaliação do doente no período pré-operatório, que poderá não ser viável à distância. O risco de infeções destaca-se quando falamos em segurança, quer pela possibilidade de contrair doenças infeciosas em países cuja prática de controlo de infeções não se pauta pelos critérios que observamos em Portugal, quer pelos processos de esterilização do material cirúrgico, para o qual existem, entre nós, determinações relevantes, aos níveis de métodos e recursos. O risco aumentado de formação de coágulos nas viagens aéreas, feitas antes da data recomendada, deve também ser tido em conta. A garantia de acompanhamento pré e pós cirúrgico adequado, por uma equipa qualificada, numa instituição com meios, sobretudo em caso de complicações, é, provavelmente, a questão mais sensível. Não menos importante se torna, nestas situações, a dificuldade de comunicação.

Muitas vezes em busca de preços baixos, os pacientes vivem experiências traumáticas no estrangeiro e acabam por recorrer a tratamentos hospitalares urgentes e a cirurgias de revisão entre nós.

Cuidados em Portugal

A comunicação social tem vindo a reportar sucessivos casos de procedimentos realizados por profissionais não habilitados em centros ilegais. A situação afigura-se mais frequente na medicina estética do que na cirurgia, porque as intervenções são menos invasivas e é relativamente fácil apetrechar um profissional com conhecimentos rudimentares para, por exemplo, aplicar injetáveis.

Naturalmente, qualquer tratamento de medicina estética constitui um ato médico e, nessa medida, pressupõe momentos de avaliação, diagnóstico e tratamento, da responsabilidade de um médico. Aparentemente, o que tem vindo a ser denunciado é a vulgarização de práticas realizadas em espaços sem licença de funcionamento emitida pela Entidade Reguladora da Saúde (ERS). Do mesmo modo, os produtos usados poderão não ser fiáveis, nem haver garantia de controlo farmacêutico, sendo, contudo, transacionados a preços baixo, proporcionando aplicações a valores que atraem pessoas que, frequentemente, acabam por apresentar denúncias. O que se pode depreender é que, talvez por falta de informação séria dos consumidores, se foi alargando indevidamente o âmbito de intervenção de estabelecimentos de beleza, ou afins, e se esbateu o conceito de “ato médico”.

Há relatos e denúncias de complicações várias, internamentos hospitalares e cirurgias corretivas originadas por más práticas. Estas situações encontram paralelo em procedimentos realizados em certos países estrangeiros, pelo que é da maior importância a escolha de um cirurgião credenciado e qualificado. Afinal, é uma questão de saúde...

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