Fotografia: Unsplash | Edição de imagem: Vasco dos Santos
Controversa

Já nos voltámos a distrair com silhuetas? A pergunta é retórica

Depois de uma semana em que os portugueses colocaram a misoginia e outros discursos de ódio em perspetiva e se posicionaram do lado certo da coisa, voltámos a distrair-nos com silhuetas.

A liberdade de expressão é um lugar demasiado bonito para não ser cuidado e sempre que permitimos discursos perigosos colocamos em risco a importância da sua existência. É por isso manifestamente importante que quem tem o poder de comunicar de um lugar onde todos o oiçam seja tão responsável pela sua verdade quanto é pela verdade dos outros.

Então será a liberdade de expressão um perigo a ser limitado, ou será a expressão do ódio uma liberdade a que ninguém tem direito? A pergunta é retórica.

Já todos devíamos saber que ódio não é opinião, mas haverá sempre quem confunda as coisas.

Por estes últimos dias, as palavras certas calaram as vozes erradas. E, sim, o tema que nos embala é o discurso de ódio dirigido a Cristina Ferreira e a Maria Botelho Moniz. Mas vamos agora refletir sobre os próximos capítulos.

A lição foi dada e os discursos do bem aplaudidos. Lemos coisas bonitas porque a justiça e a solidariedade têm dessas coisas. Mas não cruzemos já os braços porque continuamos sem aprender nada. A paz é sempre momentânea e rapidamente voltamos a desviar do caminho certo, a desenhar abordagens mesquinhas, a apontar dedos e a tentar apagar o que é bem feito com uma procura frenética por um borboto que, mesmo vivendo sem malícias ou contexto, ele sempre aparece enquanto alguém assim o quiser. É que o ódio é veneno que chega a todo o lado, mas o antídoto ainda não chega a todos.

Enquanto a Diretora de Entretenimento e Ficção da TVI, que tem uma posição contra o ódio gratuito já muito conhecida, enfrenta um problema que a todos diz respeito, num curto espaço de tempo voltamos a ser tomados por palavras perigosas, a sermos inúteis e a confundirmos as coisas. É que em espaços onde se fala para muitos já começamos a ler coisas como “mostrou mais do que devia”, numa observação ao corpo de Cristina, entre outros despropósitos.

Então não aprendemos nada? A pergunta é retórica. 

Já todos devíamos saber que há sempre muita pressa em voltar para o lado errado, porque haverá sempre quem se continue a distrair com silhuetas.

Evasão

A partir de agora já podes ver os golfinhos no Tejo de barco

Até setembro o Oceanário de Lisboa em parceria com a Terra Incógnita realiza passeios de barco para ver os golfinhos que chegam ao Rio Tejo.

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