O desfile da Christian Dior na Semana de Moda de Paris
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A Arte de Joana Vasconcelos. A Rebeldia da Dior. Paris nunca mais será a mesma

Joana Vasconcelos criou um cenário simplesmente espetacular para o desfile da coleção outono/inverno 23’24 da Christian Dior, na Semana de Moda de Paris.

É certo que Paris já a conhecia. Em 2012, Joana Vasconcelos levou a sua arte contemporânea a Versalhes, foi a primeira mulher e também a mais jovem artista a medir-se com a referência histórica que é este Palácio. E, na altura, a artista portuguesa concebeu a exposição não como uma decoração do espaço, mas como a apropriação contemporânea de um lugar mítico. Joana Vasconcelos não procurou integrar-se em Versalhes, mas integrar Versalhes. Confrontou-o sem o afrontar. E não é que, esta semana, sentimos que a história se repete? 

Nos Jardins das Tuileries, em Paris, um universo orgânico, surreal e vibrante recebeu os convidados para o desfile da coleção outono/inverno 23’24 da Christian Dior, na Semana de Moda de Paris. A obra/instalação de Joana Vasconcelos “Valkyrie Miss Dior”, que pesa mais de uma tonelada e é composta por 20 padrões diferentes de tecidos fornecidos pela casa de Alta Costura, estendeu-se por toda a passerelle, onde desfilaram as novas criações da Dior. A artista portuguesa quis explorar como a forma orgânica pode interagir com o "reino feminino do savoir faire artesanal". Nunca as artes plásticas casaram tão bem com a Moda. E dificilmente Paris esquecerá este momento.

E, se o ambiente sugeria algo mais futurista, a diretora criativa da Casa Grazia Chiuri inspirou-se no passado, e, sim, o resultado é uma coleção menos exuberante do que o cenário, mas igual em talento. Três mulheres, a irmã do fundador da Casa, Catherine Dior, uma heroína da resistência francesa, e as cantoras francesas Édith Piaf e Juliette Gréco, cada uma descrita como "rebelde, ao mesmo tempo forte e frágil", foram as musas que inspiraram Grazia Chiuri nesta coleção. A diretora criativa trouxe assim a década de 1950, auge de Christian Dior, para os nossos dias. E como só ela sabe tão bem fazer. 

Houve looks vintage como casacos de pele, saias amarrotada e meias de lã enrugadas; camisas e saias com volume extra, como que a lembrar os tecidos mais grossos do período pós-guerra; houve muito preto, mas também padrões florais; e uma peça que recebeu toda a atenção, uma saia preta com milhares de flores como textura numa figura andrógena com uma camisa branca e gravata. Uma coleção que mostrou todo o savoir faire do atelier Dior. Uma coleção com que a Casa de luxo diz ao mundo, que melhor do que ninguém, entende o que é ser mulher: feminina, masculina, frágil, forte, bela em todas as suas contradições.

 

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