Pexels | Edição de imagem: Vasco dos Santos
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Inteligência Artificial é perigosa, racista, xenófoba e está na moda

Criámos um aliado e ensinámo-lo a jogar contra nós. Sim, a Inteligência Artificial (IA) vai mudar o mundo como o conhecemos, mas será a nosso favor?  

Vamos falar de coisas sérias, antes mesmo de brincarmos ao THE SIMS.

 

Se a possibilidade de uma evolução computacional nos levar a criar qualquer coisa maior do que nós, que aperfeiçoa o que fazemos ou até mesmo o que somos, o desconforto é tão óbvio. E mesmo as áreas que mais tiram proveito da IA sentem-se ou deviam sentir-se ameaçadas. E quem o diz ou nos traz esta preocupação não é a jornalista que vos escreve, mas, sim, o psicólogo cognitivo e cientista computacional Geoffrey Hinton que recentemente se demitiu da Google, onde trabalhava há cerca de 10 anos, para que pudesse cruamente criticar e chamar a atenção para o impacto da IA no mundo. E atenção que Hinton não é apenas mais um cérebro da Google, é um galardoado com o prémio Turing e hoje considerado o Nobel da computação. Talvez seja então de bom tom darmos ouvidos aos alertas que têm soado uma e outra vez.

A ameaça parece real e vem de várias frentes. Se por um lado a preocupação é a inquietação sobre o caminho que nos resta, onde nos encaixamos e até se seremos necessários, por outro lado, é a forma como algumas áreas capitalizam as vantagens da IA. Um exemplo disso é claramente o mundo da moda. Inofensivamente, começa por entrar Metaverso adentro, depois nos provadores online, seguindo-se de coleções em 3D, muitas exclusivas a campanhas totalmente criadas a partir da IA, e claro que tudo isto traz benefícios, mas não pensem que são eles mais sustentáveis, já que a emissão de carbono é uma preocupação ambiental para os especialistas, mesmo quando estamos cansados de saber que a indústria da moda como a conhecemos é das mais poluentes. Mas há outras desvantagens a ter em conta.

A já longa luta pela representatividade no mundo da moda chegou ao digital e de uma forma inesperada. Quer-se abraçar as minorias e dar oportunidade aos grupos marginalizados, representando todos os corpos, todas as culturas, todas as raças, todas as etnias… mas de todas as formas artificiais, o que parece ser bastante perigoso e contraditório a todo um organismo que se quer natural e tal e qual como é. Qualquer coisa como resolver o racismo na indústria da moda formatando uma figura humana de referência em computador é a ideia. Falamos de, por exemplo, criar um avatar de raça negra em vez de empregar uma manequim negra.E como é suposto isto ser uma grande ideia?

Atrevemo-nos a sugerir uma ideia bem melhor do que esta: saber, por exemplo, o que está por detrás de uma recente e certamente espirituosa reunião da marca de roupa Levis, na qual se decidiu criar estes modelos de moda gerados por computador para uma maior “representatividade”. Imaginam como terá sido a conversa que levou a esta decisão? “As minorias vão identificar-se mais, ter um sentimento de pertença”, deve ter sido a conversa de partida, enquanto outro interpelou: “Mas e não acham que era melhor eles pertencerem mesmo, tipo, sei lá, contratá-los para o trabalho?”. Ao que alguém super importante e entendido em computadores responde: “Eu acho que não é preciso, basta eu fazer uns 20 modelos humanos. Deve sair mais barato e eu até tenho saudades de jogar ao SIMS”.

Fora brincadeiras, isto parece tudo divertido, até o sinal de Game Over começar a piscar para os comuns mortais.

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