Quem vos escreve assume a terceira pessoa por razões óbvias. Isto não é uma opinião sobre Meghan Markle, é a tentativa de terminar um namoro e, como em todos os fins de relação, é sempre mais seguro dizer “o problema não és tu, sou eu” ou, melhor, somos nós. E o problema de facto não é Meghan, ou já não é Meghan, mas sim a nossa sede de drama, de prolongar uma relação tóxica, mesmo quando nos primórdios deste engate as red flags já se avistavam.
Não vamos listar as polémicas que envolveram Meghan durante as suas funções enquanto membro sénior da realeza ou mesmo depois de deixar o Reino Unido pelos Estados Unidos da América. Para isso, existe toda uma panóplia de escrutínio mediático, uma entrevista à Oprah, documentários na Netflix, um livro escrito por Harry, uns quantos rumores pela imprensa internacional com culpa de uma cobertura tendenciosa e desfavorável (como nos mostrou o The Guardian), processos em tribunal, redes sociais e tudo o resto que é história. Aliás, nem vamos falar de Meghan... ela não quer nada connosco e, nesta relação, o stalker somos nós.
A coroação do Rei Carlos III convidou o mundo a assistir ao momento histórico da família real, mas mesmo quando falamos de um novo capítulo na história da realeza, só nos interessa Meghan. Afinal, o que é esta monarquia sem a ex-atriz?
Ainda o evento da coroação do Rei Carlos III ia no início e lá estávamos nós obcecados por ver Meghan, saber dela, ouvir sobre ela. Então fomos até casa da duquesa, encontrámo-la numa caminhada e, mesmo ela querendo estar longe do grande momento da família real britânica, precisávamos de a colocar como personagem principal desta história, precisávamos que nos dissesse alguma coisa. O que pensa? O que tem a dizer? Ainda gosta de nós? Enfim. Quisemos tanto atribuir um discurso ao seu silêncio que, muito ao estilo daqueles que vão procurar a compatibilidade amorosa num horóscopo para justificar o comportamento da cara-metade, fomos procurar simbologias na sua roupa. Agarrámos no colar que tinha ao peito, fizemos zoom no pendente, e descobrimos que se tratava da peça Clarity Retreat Necklace, da Maya Brenner. À venda por 495 dólares, esta joia, segundo a marca, significa “proteger a paz” de espírito e ajuda a ver “o caminho para lá dos desafios”. Ficámos mais descansados com a nossa crush, mas não foi suficiente.
Not this giving me hope we'll see Meghan officially twice this month 😭
🗓️16: Ms. Foundation’s Gala, NYC (Women of Vision Award)
🗓23: 48th Annual Gracie Awards, LA (Archetypes) pic.twitter.com/FDZNdMTyaY
— Alexis 🎖️MNOSL (@ArchewellBaby) May 8, 2023
Não satisfeitos com a mensagem, percebemos que não bastava ver Meghan, queríamos estar ao lado dela enquanto assistíamos à cerimónia. E como a duquesa de Sussex estava em casa, a festejar o aniversário do filho e longe de atenção mediática, fomos buscá-la à força.
A vontade de ter Meghan a viver o grande momento connosco era tanta que o Twitter espalhou o rumor de que a duquesa tinha marcado presença na coração, disfarçada com uma peruca e de bigode, para se misturar entre os convidados e passar despercebida, claro. Uma brincadeira especulativa que levou muitos a crerem que se tratava mesmo de Meghan. Quando, na verdade, era Karl Jenkins, o lendário compositor que viu umas das suas obras a ser tocada na cerimónia. O buzz foi tanto que, se nos distraíssemos mais um pouco, pensávamos que era Meghan quem tinha levado a coroa para casa.
Megan, you’re not fooling us… pic.twitter.com/Ni5wh27keT
— Bob Cryer (@bobbicee) May 6, 2023
E como a coroação não é só roupas bonitas e tiaras brilhantes, mas sim o futuro de uma monarquia que pode ter implicações na política do mundo e da sociedade britânica, talvez seja melhor relevar este namoro e perceber que não é tempo para estas relações tóxicas...
Repito, o problema não é ela, somos nós.