Fotografia: Chesnot, Getty | Edição de imagem: Versa
Controversa

É Supreme e todos dizem que morreu quando nunca esteve tão viva

Quanto mais alto se sobe, mais depressa se antevê a queda. Mas como pode o sucesso ser indicador de um fim? A história da Supreme explica esta aparente contradição.

A Supreme continua a ser uma das marcas mais reconhecidas no mundo do streetwear, mas está morta. A Supreme é mais do que nunca um sucesso de vendas, mas está morta. Se a longevidade de uma marca depende de inúmeros fatores, pode apenas uma afasia cultural ditar o seu fim? É que todos a conhecem, mas talvez já não se lembrem da sua essência.

 

Em 1994, na rua Lafayette, em Nova Iorque, nascia uma pequena e humilde loja pelas mãos de James Jebbia, numa altura em que o streetwear não era o streetwear como o conhecemos, nem sequer se previa alimentado por uma subcultura. Aliás, foi a Supreme, a par de outras marcas, que ajudou a definir esse mesmo submundo, se assim o podemos chamar, de skaters, de hip hop, da essência do que é urbano e daquilo que se torna parte de uma cultura, de um estilo de vida que se veste, que se sente, que quase parece cantar “Ready or Not Here I Come” dos Fugees.

Estava lançado o fenómeno hype, do underground, da autenticidade de um estilo que não era das massas, nem tampouco para as massas. Era uma marca para um grupo “cool” que se sabia jovem, diferente e com muita opinião.

O sucesso da marca prendia-se à exclusividade da sua essência e da essência de quem a vestia, um posicionamento muito definido pela forma como se geria o negócio na sua origem. Poucos exemplares das peças eram disponibilizados, não se trabalhava com stock, apenas com produção limitada e exclusiva, porque o objetivo era alimentar um nicho concreto e não as massas. Das ruas para o reconhecimento de celebridades, o nome da Supreme começou a surgir cada vez mais e as filas da loja novaiorquina e de outras poucas que lhe seguiram só aumentavam. E quem lá na fila também esperava, entre tantos outros miúdos, era Taylor The Creator, que chegou ao estrelato com o nome da marca ao peito, o que rapidamente catapultou a marca para o mainstreet.

E, sem demoras, tínhamos Kate Moss a vestir a icónica t-shirt da Supreme e nomes soantes do hip hop a seguirem-lhe o rasto, como Kanye West. Não tardou ao piscar de olho de Casas de moda como a Louis Vuitton. E aqui, sim, podemos dizer que mais alto era difícil subir, a não ser que contemos com a venda da Supreme à VF Corporation, detentora de marcas como The North Face ou Timberland, que fecha negócio por 2.1 mil milhões de dólares. As vendas dispararam e a génese do que era Suprene dispersava-se nas massas...

A Highsnobiety escreve esta semana que a Supreme está morta. Mas não se terá apenas perdido a  essência da marca que chegava a poucos e que agora é do mundo? E o que é de todos não é de ninguém porque é assim que funciona a democratização de uma moda de massas. E é a assim que a verdade da Supreme se perde.

Mas como dizem que morreu, se nunca esteve tão viva? Porque o apogeu de vendas apenas retarda o seu fim. Mesmo que não matem este nome que já fez história, a marca que está em todo o lado já não está provavelmente no sítio certo e a saudade do que já não existe é o que mata (ou não) a Supreme. 

Nécessaire

Para um cabelo como o de Chiara, só precisas deste nome: Clavicut

O corte de Chiara Ferragni emoldura o rosto, estiliza a silhueta e dá-te mais altura. Surgiu nos anos 90 mas promete ser o corte 'must have' de 2023.

Controversa