Raf Simons - Fotografia: Getty
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Raf Simons: o ato final de um designer sem medo do inesperado

O que há para fazer depois de 27 anos de criações? Para Raf Simons, nada mais. Por ser um designer livre e independente, seguiu em frente e pôs um ponto final na carreira de uma vida.

Foi no Instagram que Raf Simons anunciou o fim da sua marca, uma das primeiras a cruzar o streetwear com o vestuário de luxo, após 27 anos de independência.

"A coleção para a estação de primavera-verão 2023 é a conclusão de uma viagem extraordinária e a estação final da marca de moda Raf Simons", disse Simons no Instagram."Faltam-me as palavras para dizer o quanto estou orgulhoso de tudo o que conseguimos. Estou grato pelo incrível apoio da minha equipa, dos meus colaboradores, da imprensa e compradores, dos meus amigos e familiares, e dos nossos devotos fãs e leais seguidores", acrescentou, num post intitulado "Memory Wear 1995 Station to Station Alda & Jacques".

"Obrigado, a todos, por acreditarem na nossa visão e por acreditarem em mim. Avante sempre, Raf", concluiu o designer belga.

Este anúncio surpreendeu o mundo da moda já que Raf Simons sempre foi uma referência para todos os que o seguem. A sua forma de criar coleções sempre foi muito para além da moda porque, acima de tudo, fez-nos pensar, ter ideias, inspirou-nos, quebrou barreiras.

Sabes aquele o look de camisa justinha, gravata fina e calça de alfaiataria? Tem a mão de Raf Simons. Foi ele que reinventou o skinny suit e a roupa masculina na primeira década de 2000. E foi ele também que pegou em casacos bomber, camisas e blazers e transformou-os em itens sem género.

[Desfile "Riot! Riot! Riot!", da coleção outono/inverno 2001/02]

É considerado por muitos o melhor e mais genial estilista que esteve à frente da Calvin Klein (CK), com todo o respeito aos demais e ao próprio estilista americano. Há quem diga que foi mais fiel à ideia da CK do que a marca sozinha, com a sua produção interna, alguma vez poderia ser.

A primeira coleção de Simons para a CK, apresentada em fevereiro de 2017, foi uma das mais aguardadas dos últimos tempos e surpreendeu tudo e todos com uma mistura de várias referências da cultura norte-americana com elementos muito contemporâneas.

Mas o mais curioso: Raf nunca estudou moda. Formou-se em design industrial e de móveis e aproveitou esses conhecimentos, a praticidade, o ambiente fabril e o modo de produção na criação da sua marca, das suas ideias. Assim como sempre usou o seu amor pela música nas criações, o que fez com que estivesse ligado a vários movimentos de jovens alimentados pela música.

Em pouco tempo, conseguiu atrair a atenção dos millennials, colaborar com a Andy Warhol Foundation e algumas das celebridades conhecidas como Paris Jackson, Millie Bobby Brown ou o clã Kardashian-Jenner. A indústria da moda rendeu-se a Raf e entregou-lhe prémios em galas como os CFDA Fashion Awards e os Fashion Awards do British Fashion Council.

Mesmo com o fim da marca, o legado de Raf Simons irá prevalecer por muitos anos, porque quebrou barreiras, tornou-se parte da história da moda.

Agora, resta saber o que trará o futuro. Será que é desta que Simons vai substituir a tempo inteiro Miuccia Prada, com quem tem dividido funções na direção criativa da Prada desde abril de 2020?

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