A nossa identidade é aquilo que nos torna únicos e, por esta ordem de ideias, diria que poderá ser definida por aquilo que fazemos, dizemos… e vestimos? Numa resposta rápida, a maioria das pessoas diria que sim, até porque as nossas escolhas, por mais diversas que sejam entre elas, refletem o que somos, o que sentimos e blá, blá blá.
Porém, quando o que vestimos nos coloca num nicho – que nem sabíamos existir – corremos o risco de incorrer em pretensiosismos e sermos alvo de críticas. Mas deixem-me explicar onde quero chegar.
O estilo preppy voltou às tendências de moda e o que podia ser uma estética inofensiva é, para muitos, a afirmação de uma posição elitista a tombar para o pedante. Isto porque há sempre quem tenha tempo na agenda para racionalizar a origem de modas (agora, inocentes) e se sinta ofendido com tudo e um par de botas – neste caso, literalmente.
Mas quantas vezes é que podemos dizer que saímos de casa a pensar na mensagem cultural, social ou política da nossa camisola? Escolher um par de calças que mostre que sou intelectualmente, monetariamente e qualquer-coisa-mente superior a alguém não é regra para quem adere a uma moda muitas vezes exposta - e imposta - nas montras das lojas que habitualmente frequentamos.
É verdade que esta estética foi criada por uma elite e para uma elite, em meados do século XX, a partir de uma cultura preparatória dos Estados Unidos da América, o berço desta estética. Na sequência da Revolução Industrial e do subsequente boom económico, as famílias prestigiadas encontraram uma forma de distinguir a sua herança de "dinheiro antigo" da crescente maré dos “novos-ricos”. De forma a isolarem-se dos “inferiores” que não tinham o dito sangue azul, criaram as escolas preparatórias privadas para os seus filhos (deveria dizer descendentes?) e vestiram-nos todos de igual e bem bonitinhos para que todos soubessem definir bem o círculo social em que estavam inseridos – na dúvida, só faziam amigos com o rapaz das calças ao xadrez. Mas isso foi no século passado!
A estética preppy era a farda dos abrasonados, agora, é só uma tendência de moda que vemos a ser recriada por toda a indústria e que não liga a contas bancárias ou a estatutos. Em estilos urbanos, rebeldes ou vestes mais conservadoras… o preppy tem livre-trânsito.
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades e, em pleno século XXI, quem escolhe um estilo colegial não costuma ter uma agenda social ou política, como muitos gostam de acreditar. Dito isto, não querendo apontar dedos, - mas já apontando - diria que aqueles que veem intenções elitistas na escolha deste estilo não pertencem à turma dos fixes.
Por isso, queridos críticos, deixem-se de conspirações snobes e vistam o que vos apetece.