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"Zizmorcore": os nova iorquinos estão a vestir-se em lojas de souvenirs

É a nova tendência que mistura nostalgia com a estética kitsch. Mas estaremos preparados?

A ideia já me levou a pensar em quantas peças tenho no armário que se possam dizer dignas da nova tendência batizada de "zizmorcore". Isto tudo porque em Nova Iorque voltou a estar na moda usar um boné com o turístico “I Love NY”, conjugado com uma camisola em que se lê Knicks nas costas. Que a moda é cíclica já sabíamos, mas para esta não estávamos preparados.

Entre a nostalgia dos anos 80, a rejeição da normalização na moda e uma espécie de elogio ao que é local, os habitantes da Big Apple passaram a vestir-se em lojas de souvenirs e no comércio local, numa estética kitsch que já anda a circular pelas famosas avenidas.

Se durante anos nos habituámos ao “normcore” como um estilo de vida bem nova-iorquino, agora, talvez ainda como efeito da pandemia, há a corrida a tudo o que é lojas com roupas patrióticas, compradas em lojas e marcas locais, numa estranha forma de nostalgia. A tendência foi apontada pela revista The Cut e "zizmorcore" nasce como referência ao mais famoso dermatologista americano Dr. Jonathan Zizmor.  Já reformado, inspirou a jornalista Stella Bugbee a criar o termo como homenagem aos seus anúncios kitsch sobre a pele perfeita, que existiam no metro de Nova Iorque nos anos 80. E é uma moda que não se limita a uma geração. “Depois de mais de um ano de isolamento, vê-se nas ruas. Para onde quer que olhe, as pessoas usam peças nova-iorquinas, desde o cidadão comum até ao hipster em Bed Stuy (um bairro de Brooklyn)", escreve no artigo. E há quem vista a tradicional t-shirt com o logo “I love NY” até quem passeie com os bonés da empresa ConEd (Consolidated Edison, a elétrica mais antiga do país), num declarado apoio à cidade e aos negócios locais, numa altura em que viajam menos e também recebem menos turistas.

Entre a nostalgia e a preocupação com a memória coletiva, a tendência refere-se a uma época em que as pequenas empresas e os empresários ainda eram a alma da cidade. Tem talvez pouco glamour, mas marca uma posição: o voltar ao essencial depois da pandemia, à vida do bairro e à atmosfera da cidade. Se veio para durar, é aguardar e ver para onde vai a moda.

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