Vamos sabotar o novo filme sobre a vida de Amy Winehouse ainda antes da estreia. Esta é a decisão dos fãs da cantora que analisam as decisões cinematográficas à lupa e criticam um reforço da decadência.
Back to Black, uma biopic que procura retratar o legado de um ícone incontornável que marcou o século XXI e explorar a vida demasiado curta da voz que se eterniza no mundo da música, foi anunciado em julho do ano passado, mas só agora se deu início às gravações. É o primeiro documentário sobre a vida de Amy que leva a aprovação do pai da cantora, Mitchy Winehouse - o mesmo não se pode dizer do público. O problema começa com a escolha do elenco e agora fala-se de um retrato pouco fiel à vida de Amy Winehouse, somado a decisões inquietantes na exploração da história.
Ainda reinava a paz quando soubemos que esta biografia estaria nas mãos de Sam Taylor-Johnson, realizadora de filmes como Cinquenta Sombras de Grey. Mas bastou divulgarem a primeira imagem oficial da biopic, aquela que dá a conhecer a atriz Marisa Abela no papel principal, para a conversa azedar.
É verdade que a escolha da protagonista e a sua caracterização foi um desgosto para os fãs, mas as críticas centram-se essencialmente na exploração dramática de acontecimentos retratados no filme, agravados pelo facto de receberem os aplausos do manda-chuva do património de Amy e figura controversa, o (não tão) querido Mitchy.
Comecemos então por lembrar o episódio que agora empola as vozes críticas. Em 2007, Jack Blake Fielder-Civil, marido de Amy entre 2007 e 2009, foi detido por ter agredido o proprietário de um bar londrino, antes de o ter alegadamente subornado. Este momento infeliz foi na altura captado pelos paparazzis que não descolavam da cantora, por isso os fãs recordam bem a reação de Amy ao sucedido e não se lembram do momento como agora o queram mostrar na tela.
Nas imagens da cena que retrata a situação, Amy Winehouse (Marisa Abela) chora, grita e chega a ser contida pelas autoridades, assim que assiste à detenção de Jack Blake (Jack O'Connell). Em muito boa verdade, tal é uma fraca representação dos acontecimentos. Todos se lembram de uma Amy abalada, mas com muito menos lágrimas e gritos à mistura, e sem precisar de um chega para lá das autoridades.
O exacerbar de um estado de alma sofrido ao relato de uma vida que tão bem conhecemos como pouco feliz soa a pouco misericordioso e deixa os espectadores desconfortáveis e inquietos, menos Mitchy Winehouse - o empresário com mais talento para explorar a carreira da filha do que para ser pai, segundo nos mostram outros documentários.
"Back to Black", filme biográfico de Amy Winehouse, está sendo alvo de críticas por cenas fortes que exageram situações vividas pela cantora.
Fãs também se mostram preocupados com a aprovação do pai, Mitch Winehouse, que é acusado de ter se aproveitado da filha durante a vida. pic.twitter.com/u42qq0ST5D
— Tenho Mais Discos Que Amigos! 🎶 (@tmdqa) January 23, 2023
Mitchy veio a público comentar as críticas, mas selecionou-as bem. Em declarações ao TMZ, o pai de Amy Winehouse diz que as pessoas deram "demasiado ênfase à aparência" da protagonista, o que seria uma crítica aceitável, se fosse essa a única ou a mais relevante de tantas.
Ainda não há data de estreia para 'Back to Black' e, pelo andar da carruagem, essa divulgação a poucos interessa. Até lá, todos esperam que não se some desgraça à vida conturbada de quem merece ser lembrada pela voz e talento únicos.