A impressão 3D já é uma realidade no universo da construção no estrangeiro e, este ano, chegou a Portugal pela mão da Havelar. Graças a esta tecnologia é possível não só “personalizar os designs das casas com precisão, como acelerar em muito o processo de construção, reduzindo o tempo e o custo”. Quem o diz é Joel Freitas, diretor comercial da Havelar, a empresa de Vila do Conde criada no ano passado por Patrick Eichiner, Rodrigo Vilas-Boas e José Maria Ferreira e que utiliza soluções de impressão 3D para desenvolver casas de forma rápida e acessível.
Além de potenciar o processo criativo da arquitetura “sem aumento de custos”, a impressão 3D “permite utilizar materiais sustentáveis e otimizados, tornando as nossas casas mais ecológicas e energeticamente eficientes”, explica.
A Havelar trabalha com arquitetos de renome, como Álvaro Siza Vieira, Manuel Aires Mateus ou Kengo Kuma, o que permite viveres numa casa desenhada por um destes arquitetos.
O que são casas 3D?
Imagina uma construção com Lego, mas onde cada bloco é projetado com recurso a um robot. Ao contrário da construção tradicional em tijolo, as casas com impressão 3D envolvem uma impressora de grandes dimensões em que, em vez de tinta, usam cimento ou betão para construir as paredes e todos os componentes da casa.
Mas o futuro pode passar por imprimir em terra. “Estamos a fazer testes na Faculdade de Engenharia do Porto para começar a imprimir com os materiais da zona da casa, ou em terra, o que nos vai permitir, daqui a quatro anos, termos uma pegada de carbono zero ou mesmo negativa”.
Este tipo de habitação tem registado um aumento da procura devido à maior consciência sobre questões de sustentabilidade e eficiência energética, a que se junta a crise de mão de obra no setor da construção.
“A Havelar é uma empresa muito recente e sentimos uma grande procura desde o cliente final a investidores que procuram soluções modernas e mais eficazes para dar resposta ao mercado. Essa procura advém das características que apresentamos neste tipo de construção pela sua rapidez e flexibilidade”, assegura Joel Freitas.
A primeira casa 3D construída em Portugal é um T2 com 90 metros quadrados, com paredes de betão que demoraram 18 horas a serem impressas. A colocação de cobertura, portas, janelas, cozinha e casa de banho demorou cerca de duas semanas.
Quais as vantagens?
“Além do tempo de construção ser significativamente menor, o controlo de qualidade é mais rigoroso, uma vez que grande parte do processo é realizado em ambiente e num espaço cronológico controlado”, explica.
Além disso, “a impressão 3D permite um uso mais eficiente dos materiais, resultando em menos desperdício e maior sustentabilidade. Também são casas altamente personalizáveis, o que permite aos clientes adaptar o design às suas necessidades específicas”.
Quais os modelos mais procurados?
Segundo Joel Freitas são os que “oferecem uma combinação de eficiência de espaço e design moderno”, como casas de um ou dois andares, “em especial os modelos que integram soluções sustentáveis e tecnologias inteligentes”. São populares porque dão resposta às necessidades tanto de “jovens casais, como famílias maiores, oferecendo uma boa relação custo-benefício e um estilo de vida mais sustentável”.
Como a impressora não tem limite de tamanho, podemos estar a falar de casas mais pequenas, como um T1, a casas mais espaçosas, como um T4 ou mesmo uma dimensão superior, dependendo do orçamento de casa um.
Apesar deste tipo de casas poder ser implementado de norte a sul do país, são especialmente indicadas para áreas “onde o tempo e o custo da construção tradicional são mais desafiadores, como no interior do país e nas zonas costeiras”, revela.
E existem desvantagens?
Apesar de todas as vantagens, é necessário garantir que tudo está preparado para receber a construção e que “as conexões de utilidades, como água e eletricidade, sejam adequadas”, explica Joel Freitas.
"A Havelar tem soluções que permitem apresentar projetos "chave-na-mão", com soluções técnicas e físicas, para otimizar o processo desde o custo à duração da obra".
Quanto custa uma casa 3D?
Os valores podem começar nos 150 mil euros e chegar aos 250 mil, tendo em conta a localização e os acabamentos finais. “Podemos estar a falar de uma poupança significativa em comparação com as casas tradicionais entre 15% a 25% pela eficiência do processo de construção e redução de desperdícios materiais”, revela Joel Freitas.
“O custo pode variar dependendo do tamanho, design e acabamentos personalizados. Todos os valores são calculados individualmente em cada processo, dando hipótese ao cliente de um acompanhamento quase em tempo real dos custos. E, com a tecnologia que utilizamos, conseguimos diminuir a percentagem de derrapagem em obra”. Em alguns casos, uma casa pode ficar concluída “em 60 dias”.
Têm garantia?
Sim. A garantia das casas 3D “é igual a qualquer construção tradicional no mercado, cobrindo a estrutura e os principais componentes”, explica Joel Freitas.
Até ao final de 2024, a Havelar espera consolidar a utilização da impressão 3D na construção em Portugal e pelos projetos que já têm em mãos, como a futura construção de 32 casas, é possível perceber que “existe um mercado em enorme expansão”. Depois de Portugal, o futuro passa pela internacionalização da marca.