Na Era do digital, conhecer pessoas há muito que deixou de estar ligado a uma ideia romântica em que esbarramos contra a cara metade como nos filmes ou conhecemos o/a "Tal" casualmente à primeira vista. As aplicações de encontros chegaram para fazer matches na vida real, uns mais certeiros do que outros, mas há uma nova app que promete ser o verdadeiro cupido.
Chama-se Quycky e chegou há pouco tempo a Portugal, onde ainda está a ganhar terreno.
Ao contrário de outras aplicações, esta não funciona por um sistema de swipe, o jogo aqui é outro. Porque é, literalmente, um jogo. A ideia é que os utilizadores façam vários testes divertidos sobre amor e intimidade e, quanto mais jogarem, mais evoluído fica o perfil Quycky e mais precisas serão as ligações com outros utilizadores. Para além de saírem a ganhar com matches mais certeiros em tempo real, os utilizadores podem ainda ganhar prémios, como brinquedos sexuais, ao darem as melhores respostas.
No fundo, o "propósito é desmistificar e dar ferramentas aos utilizadores para que possam ultrapassar os tabus da sociedade em que vivemos", afirma Mariana Tomé Ribeiro, CEO da Quycky.
O que é a Quycky e o que a motivou a fundar esta aplicação?
A Quycky é uma app de dating gamificada em que o utilizador é gratificado no jogo pelo seu comportamento positivo, que premeia tanto a sua participação como a sua curiosidade em conhecer-se melhor. Além da aplicação, a Quycky desenvolveu uma loja online que oferece ferramentas que facilitam à nossa comunidade descobrir mais sobre a sua sexualidade e dos seus parceiros de forma natural, divertida e sem tabus.
Que lacuna no mercado pretende preencher esta nova aplicação?
Ao oferecer um espaço onde a sexualidade é o tema principal, pretendemos “normalizar” e não banalizar as conversas sobre sexualidade. Oferecer ferramentas de descoberta e informação científica de leitura acessível, ao mesmo tempo que promovemos ligações mais genuínas e honestas, alinhadas a nível de gostos, compatibilidade e práticas sexuais.
De que forma é que a Quycky se diferencia das apps tradicionais de encontros?
Tipicamente, a maioria das apps oferece o sistema de swipe como primeira e principal ferramenta de escolha de perfis e matching dos mesmos. Acreditamos que esta forma de “ligação” imediata entre utilizadores banaliza o processo de escolha, influencia o algoritmo de matching, e centra-se nas características mais óbvias dos perfis, que nem sempre são aquelas que são determinantes numa relação, como características físicas e de background. É uma ferramenta tendenciosa e que pode deixar de fora “bons matches”.
As aplicações que promovem explicitamente relações de carácter mais íntimo e físico acabam por objetificar o corpo e retirar algum mistério à descoberta de novos parceiros.
Na Quycky não escolhemos perfis, o jogo escolhe por nós após a primeira utilização. O fator “gaming” quebra o gelo de um início de conversa, de uma forma divertida e menos óbvia, para utilizadores que não se conhecem ou até mesmo de parceiros que, por vezes, podem ter dificuldade em iniciar uma conversa aberta sobre gostos e práticas sexuais da sua preferência. À medida que o utilizador joga, a app cria um chat sexual, baseado em dez características, a que chamamos “dimensões”, que definem a nossa sexualidade e promovem a descoberta. Desta forma, o utilizador começa a descobrir mais sobre ele próprio e também sobre os jogadores com quem se vai cruzando na app.
Que tipos de relações é que a Quycky pretende promover? E como é que a plataforma protege os utilizadores?
Procuramos promover relações para além do óbvio, mais genuínas e alinhadas, entre perfis complementares. Estamos a criar uma marca que promove guidelines comunitários positivos, de forma a que o ambiente Quycky seja divertido e seguro para todos os nossos utilizadores, independentemente do género ou orientação sexual.
A aplicação recolhe apenas informações pessoais mínimas como nome e email, que caso o utilizador queira fornecer são armazenados num servidor encriptado seguro e que nunca é partilhado. Focamos a recolha de dados em eventos que possam melhorar a experiência do utilizador e a sua interação com os outros jogadores.
A aplicação integra-se com serviços de terceiros, como os Google Play Services e a Apple, que ajudam em funções como detecção de erros, análises e relatórios. Cada serviço segue padrões rigorosos de privacidade para proteger as informações dos utilizadores.
A aplicação é gratuita para jogar e afirma explicitamente que é destinada a maiores de 18 anos.
Quais foram os maiores desafios que enfrentou ao lançar esta aplicação em Portugal e como os superou?
Uma empresa nova enfrenta sempre desafios mas, na Quycky, dada a categoria em que se insere, os desafios são constantes e diários. Para além de tecnicamente encontrarmos muitos bloqueios, que vão desde limitações e restrições a nível de publicidade digital, sistemas de pagamentos, etc., acredito que o maior desafio é conseguir transmitir que o nosso propósito é desmistificar e dar ferramentas aos utilizadores para que possam ultrapassar os tabus da sociedade em que vivemos.
Como vê o futuro das aplicações de encontros e qual o papel da Quycky nessa evolução?
Acreditamos que o futuro passa por ajudar a criar ligações que façam sentido para além do primeiro impacto e do óbvio. Ligações que se possam transformar fora do digital, já mais preparadas e alinhadas sexualmente.
Quais os mercados da Quycky?
Os nossos mercados são os Estados Unidos, Inglaterra e Holanda. Já existem utilizadores da app nesses países. A nossa eShop vende para todo o mundo.