De gôndola. Tal como sempre acontece, poeticamente, nesta cidade flutuante italiana. Sejam realizadores, atores ou convidados. E foi de gôndola que Mário Ferreira e a mulher Paula Paz Dias Ferreira chegaram à Ilha Lido, onde por estes dias decorre a 81.ª edição do Festival Internacional de Cinema de Veneza, o mais antigo e um dos mais importantes do mundo, a par do Festival de Cinema de Cannes e o de Berlim. Evento onde, todos os anos, se promove o cinema internacional como forma de arte, num espírito de liberdade e aberto às mais diversas formas de diálogo. Veneza, contínua a ser Veneza…
“Temos vindo à Bienal de Veneza e, este ano, já tinha estado cá para a abertura da bienal de arte. Em 2013, colaboramos com Joana Vasconcelos, que foi a autora do Pavilhão Português: Trafaria Praia, operando o cacilheiro na lagoa de Veneza. Mas esta foi a primeira vez que viemos ao cinema e estamos a adorar”, revela à Versa Paula Paz Dias Ferreira.
“Apaixonada pelas artes plásticas, mas também pelo cinema”, como nos conta, esta estreia no Festival de Cinema de Veneza foi vivida com particular entusiasmo e a natural elegância do casal. Não faltou o smoking e um vestido de sonho. E que nos faz sonhar…
“O cinema tem um glamour inigualável, com muito estrelato, beleza, elegância, todo um chic. A verdade é que a bienal é, cada vez mais, um cruzamento das diferentes artes e há todo um conjunto de eventos associados, bem como um envolvimento enorme dos sponsors. A Cartier, que desenvolve joias para alguns dos filmes e tem como embaixadores grandes atores, realiza eventos extraordinários; adorámos a visita exclusiva à exibição do Jean Cocteau no Museu Guggenheim, que terminou com um jantar esplêndido no terraço, que foi organizado pela Cartier” acrescenta a administradora da Media Capital.
Nestes dias em Veneza e do que viram nesta edição do Festival, há, para já, favoritos: “O meu palpite é que o Campo de Batalha, do Gianni Amelio, seja premiado, pela ovação que teve e porque o filme é extraordinário e tem uma representação extraordinária, em especial do Alessandro Borghi, que será o Mastroiani desta geração de artistas italianos” acrescenta Paula Ferreira.
E já que o tema de conVERSA é a Sétima Arte, arriscamos o clássico: “Conseguem eleger o “vosso filme”, o melhor até hoje, o filme da vossa vida?”. E sim, Mário Ferreira e Paula têm os filmes das suas vidas. “Há muitos filmes que adoro e que vi muitas vezes. As Asas do desejo, de Wim Wenders, talvez ainda seja o meu favorito (como não, acrescentamos nós…), mas tenho muitos favoritos, gosto muito do Steven Soderbergh, do Almodovar, do Tarentino, do Polanski e tantos outros. O favorito do Mário é O Paciente Inglês, revela-nos.
Por estes dias, no Instagram, Mário Ferreira, Presidente do conselho de administração do Grupo Media Capital, partilhou algumas imagens destes dias em Veneza e uma curta legenda: “Bela tarde em Veneza”. Não podíamos estar mais de acordo. Há beleza. Em Veneza. Mas quando tantos e tão (mas tão) mais relevantes já escreveram sobre ela - Veneza, nem nos atrevemos a tentar. Ainda que a conheçamos bem…
Ficamo-nos pela definição de uma “caixa de chocolates com licor”, de Truman Capote, ao seu significado de “música” para Nietzsche, ou à “sereia do Adriático” de Cocteau. Entre(tanto) o que já foi escrito sobre Veneza, temos, no entanto, um favorito, mesmo sem estar em competição na edição do Festival de Cinema. Do poeta Arthur Symons: “Um realista, em Veneza, tornar-se-ia romântico por mera fidelidade ao que via diante dele”. Pelo que conhecemos da cidade, mas também pela história que (des)conhecíamos. Lá está, somos uns românticos.
“Veneza é uma cidade lindíssima, muito romântica e que tem um significado especial para nós, temos as melhores recordações e foi aqui, na Praça de São Marcos, que ficámos noivos” revela-nos Paula Ferreira. E, assim de repente, já ganhou…a minha (nossa) admiração. É tão raro encontrar, atualmente, quem tenha a arte de falar com o coração…
Vê a galeria de imagens onde, além do Festival de Cinema, Mário e Paula Ferreira também nos mostram as fotografias pessoais do evento Homo Faber na Isola de Giorgio.