De 2017 até 2022, pouca coisa mudou em Pedrógão Grande: a regeneração do território ardido, no que foi o pior incêndio florestal da história do país, tem sido feita de forma desordenada e não controlada, voltando a fazer destas terras um barril de pólvora pronto a explodir.
A memória desses dias negros de julho de 2017 pode já não estar presente no imaginário da maioria dos portugueses, mas continua a assombrar o presente dos sobreviventes da tragédia. E é essa a realidade que O Sopro do Diabo, assinado por Orlando Von Einsiedel e produzido por Leonardo DiCaprio, traz de volta à discussão pública. O documentário é exibido nos cinemas portugueses durante três dias, a partir desta sexta-feira, 11 de novembro.
O documentário, que se estende aproximadamente por 40 minutos, regressa ao local da tragédia, focando-se em duas histórias paralelas: a dos que sobreviveram ao incêndio que fez 66 vítimas mortas e feriu outras 253 pessoas, deixando um rasto de 53.000 hectares de área ardida, e a realidade de uma nova descoberta científica que ajudará a combater e a prevenir os efeitos da crise climática, assunto premente que surge sempre em pano de fundo no filme.
Em O Sopro do Diabo, que se estreia em Portugal dois dias antes de chegar aos Estados Unidos, Leonardo DiCaprio afirma – apesar de ser já inegável essa realidade – que “o nosso planeta está a enfrentar uma crise climática” e que o objetivo do documentário, que já foi exibido na COP26 2021, a cimeira anual das Nações Unidas dedicada às alterações climáticas, é o de despertar “uma conversa, que inspire a agir, e que nos ajude a unir, de modo a replantar o nosso futuro”.
A exibição de O Sopro do Diabo estende-se a vários cinemas NOS, de Norte a Sul do país, com 24 sessões diárias marcadas para as 21h. Os cinemas do centro comercial Amoreiras, em Lisboa, serão o palco da estreia mundial do documentário, com uma sessão marcada esta sexta-feira, para as 18h, que será precedida por um painel de discussão sobre as alterações climáticas. Nos restantes dias, o filme poderá ser visto um pouco por todo o país, de Loulé ao Funchal, passando por Coimbra, Braga e Porto.
O preço dos bilhetes é de €5, sendo que parte da receita será canalizada para um projeto de reflorestação.