Quando Hellen Obiri, corredora queniana e medalhista olímpica, estiver posicionada na linha de partida da maratona olímpica em Paris, em Agosto, fará história devido aos ténis que levará calçados.
Obiri usará os novos Cloudboom Strike LS, uns ténis revolucionários da On, marca suíça lançada em 2010 sobre a qual já escrevemos. Estes novos ténis desafiam tudo o que conhecíamos sobre o calçado de corrida: são feitos de um material elástico peculiar, semelhante ao plástico. Inicialmente cética quanto a utilizá-los, Obiri recorda ter pensado: “Não posso correr com eles,” confessando que até os seus colegas duvidaram da possibilidade de a atleta os poder usar numa maratona, escreve o New York Times num artigo publicado esta segunda-feira.
Apesar das dúvidas iniciais, Obiri testou os ténis nos treinos e decidiu usá-los na Maratona de Boston, em abril, que acabaria por vencer.
Fabricados a partir de um único monofilamento sintético semi-translúcido com quase um quilómetro de comprimento e fundido numa sola de borracha de espuma e fibra de carbono, os Cloudboom Strike LS foram projetados para se ajustarem perfeitamente aos pés de Obiri. Pesam apenas 170 gramas e têm 75% menos impacto ambiental em comparação com ténis tradicionais. A sua aparência assemelha-se a umas pantufas futuristas ao invés de ténis de corrida.
A On espera que os Cloudboom Strike LS revolucionem o mercado de ténis da mesma forma que a Tesla agitou a indústria automóvel com o lançamento dos seus primeiros modelos elétricos. Este novo modelo de ténis pode reformular as normas do design e o modelo de negócios dos ténis como o conhecemos.
De tempos em tempos, o mercado dos ténis é revolucionado por inovações de design ou tecnologia — como os Nike Air Tech em 1979, os Air Force 1 em 1982, os Adidas Yeezys em 2015 ou os Nike Vaporfly em 2017.
A On perspectivou uma mudança neste mercado em 2020, após ver o protótipo de uns ténis desenvolvido por um estudante, feito com uma pistola de cola quente, na Feira de design de Milão.
Quase cinco anos depois, Johannes Voelchert, o estudante de que falávamos, lidera o design de conceito de inovação na On. A sua ideia inicial evoluiu para uma mudança de paradigma significativa na On. Os Cloudboom Strike LS têm apenas sete componentes em comparação com os habituais 200 dos modelos tradicionais, envolve uma pessoa em vez de 100 numa linha de montagem e recorre a design paramétrico e engenharia computacional em vez da modelagem tradicional.
A cor é adicionada através de um jato de tinta, em vez de os tecidos serem tingidos. A produção é feita em Zurique e noutras unidades de produção, reduzindo o tempo de produção e minimizando desperdícios e emissões de carbono. Os ténis também podem ser derretidos e reciclados no final do seu ciclo de vida, detalha a marca.
Embora não sejam os mais leves do mercado, os Cloudboom Strike LS destacam-se por não terem atacadores e por outros detalhes técnicos particulares. Este novo modelo foi pensado para atletas de elite, mas também para consumidores comuns.
Os Cloudboom Strike LS serão lançados mundialmente no início dos Jogos Olímpicos, com uma disponibilidade limitada inicialmente. Apenas no outono estarão disponíveis de forma mais abrangente no mercado mundial, coincidindo com a Maratona de Nova Iorque. Terão um preço que ronda os 330 dólares (cerca de 300 euros à taxa de câmbio atual).