São perto das 20h de um sábado e nos camarins do Maxime Restaurante-Bar os artistas preparam-se para o Maxime Obsession, um espetáculo temático que se estreou em setembro no Maxime Hotel, junto à Avenida da Liberdade, e que se repete duas vezes por mês na casa lisboeta do cabaret.
O Maxime existe desde 1949, tendo fechado portas ao cabaret em 2011 e reaberto novamente mais tarde, completamente renovado, em 2018.
É uma honra para nós que este espaço tenha tido o desejo de apresentar não espetáculos clean, por assim dizer, a fingir que são cabaret, mas genuíno cabaret”, diz à Versa Vanity Redfire, também conhecida por Diva, e responsável pelo projeto Voix de Ville.
Um verdadeiro cabaret “é um espetáculo muito específico que vive de um certo vavavum, uma sensualidade exacerbada e em que toda a ambiência é luxo” e, no caso especifico dos que são levados para o Maxime Restaurante-Bar, é também sinónimo de inclusão.
A nossa opção enquanto projeto é fazer parte do recente movimento de inclusão, que se sente, por exemplo na Netflix. Hoje em dia, numa série, tem de haver alguém LGBTQ+ ou do movimento body positivity. E aqui fazemos exatamente isso. Mostramos utopias no bom sentido da palavra, em que toda a gente é linda e representada”, continua.
Enquanto a conversa decorre, Vanity prepara-se para o espetáculo: faz ondas no cabelo e uma maquilhagem que vai da base ao eyeliner, tudo em menos de 30 minutos.
Também em 30 ou 40 minutos prepara-se habitualmente Carmen Viegas, de nome artístico Red Carmen, que atua regularmente no Maxime Hotel e é ainda responsável por um projeto de circo e espetáculos de rua, o Malatitsch. Dentro ou fora do hotel, a inspiração de Carmen é curiosa.
Sempre gostei muito de fantasia. Sou geração Disney e sempre me encantou muito o mundo das fadas, das bruxas. O mistério. Sempre gostei muito e inspira-me”, refere.
Mesmo ao lado, também em frente ao espelho a dar brilho e cor ao rosto, Verónica, ou Veronique Divine, recorda os tempos em que começou a fazer espetáculos de cabaret burlesco neste espaço.
Comecei aqui a fazer burlesco no Maxime do antigamente. Acho que em 2010. Entretanto, o Maxime fechou e regressei quando abriram esta nova casa”, afirma. "Antes era mais boémia e um bocadinho mais underground. Ou seja, não era tão elegante como agora. Era mais decadente, tinha aquele cheiro a cerveja, o veludo muito queimado”, continua.
Em suma, o que o Maxime hoje nos apresenta é glamour e uma ousadia elegante, acompanhada de um jantar requintado preparado pelo chef Flávio Santos. O espetáculo principal da casa é o Maxime Cabaret Show, que custa desde €65, com jantar incluído.
E porque é que deves ver este espetáculo de cabaret pelo menos uma vez na vida? Vanity Redfire explica.
1. “[A pessoa] vai sonhar. Porque vai ser levada a um filme antigo, a uma utopia de perfeição com um toque de sexyness e vavavum. Uma pessoa que nos venha ver, vai ver muitos tipos de talentos, muitas pessoas diferentes e vai ver um espetáculo de qualidade e ter orgulho de ter esse espetáculo neste país.”
2. “Vale a pena ver nem que seja pela parte estética. Porque tudo brilha, tudo tem penas, tudo é bonito. E as pessoas que aqui estão foram escolhidas a dedo e cada pessoa, dentro do que faz, é muito boa, como se tivesse um super-poder. Acabamos por ser um bocadinho como os heróis da Marvel, mas com brilhantes. E sem salvar o mundo."
3. "É uma saída perfeita para um casal, vai apimentar uma noite romântica. E é uma noite que pode ser gira também em amigos, despedidas de solteiro. E tem tudo o que é preciso: erotismo, diversão, comédia, música, uma excelente comida e álcool e aquela coisa de life is a cabaret.”