Fotografias: Unsplash/Instagram Edição: Vasco dos Santos
Controversa

ControVERSA. O jogo é sujo no Catar, mas temos Dua Lipa a arbitrar

A dias do Mundial de Futebol 2022, com data de arranque para o próximo domingo, estamos expectantes e a torcer pelos nossos, certo? Mas quem são “os nossos”?

Antes dos cachecóis ao peito e as preces pela Seleção Nacional Portuguesa, vamos repensar a quem queremos dar a vitória desta partida.

A polémica envolta no Mundial do Catar é mais do que conhecida e ninguém pode negar saber o que por lá se passa, falamos não apenas das alegadas mortes associadas à construção dos estádios que recebem o evento, como das violações e abusos atrozes aos direitos humanos - e ao direito de se ser humano. Esta informação chegou à FIFA, aos governos e à comunicação social, por isso estamos todos a jogar em casa. Mas e o que fazemos com isto?

Acolher o Campeonato do Mundo é um estatuto cobiçado pela vantagem lucrativa no turismo, receitas e, claro, pela cobertura mediática que a nação anfitriã recebe. Desde que ganhou a licitação para servir de palco a tamanho evento, o Catar prometeu rever a tolerância por lá praticada, ser bem-comportado e estar à altura das exigências.

Aliás, o emir do Catar, xeque Tamin bin Hamad al-Thani, chegou a prometer, perante a Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova Iorque, um Mundial sem discriminação – para calar umas quantas milhares de pessoas que têm aquela estranha mania de se acharem gente.

Nos entretantos… Ouvimos os relatos atrozes de organizações não governamentais sobre a comunidade LGBTQ+ no país árabe e, para que não restassem dúvidas, ouvimos também um dos embaixadores da competição, Khalid Salman, dizer, numa entrevista à estação televisiva ZDF, que a homossexualidade é um “distúrbio mental”. Mas, pelo menos, ele assegura que todos serão “bem recebidos” no Catar, só têm de “respeitar as regras”. Mas e essas regras não implicam leis contra a homossexualidade, com direito a pena de prisão, já que, segundo o Código Penal do país, tal é “incitar a imoralidade, depravação e prostituição”?

Bem sei que as palavras no parágrafo anterior estão traduzidas, mas deixem-me recorrer às cábulas: ora então, somos bem recebidos, se não formos adeptos homossexuais, transexuais, pertencentes a alguma outra minoria, e, já agora… mulheres?

Se o Mundial de Futebol nos concede esta discussão e nos leva a perspetivar necessidades urgentes? Veremos, porque isso só saberemos com o apito afinal. Até agora, é nas Dua’s Lipa’s que recai a esperança da humanidade, já que são estas as artistas que dizem que não a um enorme palco e a muitas notas altas, em nome dos direitos humanos. “Visitarei o Catar quando o país cumprir todas as promessas em matéria de direitos humanos que fez, quando ganhou o direito de organizar este Mundial”. 1-0 para Dua Lipa, Catar segue em desvantagem.

Deste lado, quero a vitória entregue à tolerância, um aplauso à liberdade de sermos quem somos, para que assim – e só assim - a taça seja erguida pelos “nossos” – que são os outros, que somos todos nós.

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