Casa de São Lourenço | Fotografia: António Magalhães Ramalho
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Casa de São Lourenço: o burel à cabeceira e a lareira aos pés

De pousada, transformou-se em hotel de cinco estrelas. Hoje, a Casa de São Lourenço é um local de repouso.

Assim que se entra na Casa de São Lourenço – Burel Panorama Hotel, em Manteigas, somos invadidos pelo aconchego da lenha que arde nas várias lareiras daquele que é o primeiro e único hotel de cinco estrelas, localizado em pleno Parque Natural da Serra da Estrela. A unidade repousa sobre uma montanha e para chegar ao alto dos seus 1250 metros de altitude, cruzamos estradas apertadas nas quais se encontram ainda vestígios da neve que caiu há dias na região.  

Contudo, o sol de inverno que rasga a serra entra dentro dos 17 quartos e quatro suites deste hotel que faz parte do grupo Burel Mountain Hotels, irmão da Burel Factory, uma fábrica de lanifícios recuperada por Isabel Costa e João Tomás, em que teares do século XIX são usados para trabalhar a lã proveniente de ovelhas da raça Serra da Estrela. O resultado final é a produção de um dos mais típicos tecidos portugueses: o burel.  

A herança mantida pela fábrica Burel Factory está presente um pouco por toda a Casa de São Lourenço, com destaque para a entrada do hotel, com uma abóbada revestida a burel em ponto de favos que abre caminho para uma zona de lareira em que são recebidos os hóspedes.

Junto deste local de lazer, encontra-se um painel que explica a história da Casa de São Lourenço, que nasceu em 2018 para suceder à antiga Pousada de São Lourenço, datada de 1948. 

A estrutura foi desenhada por Rogério de Azevedo e decorada pela artista Maria Keil, famosa à época. Quase toda a estrutura foi mantida e muito do mobiliário de Maria Keil ainda permanece, em especial no quarto com o número 18, que se mantém fiel ao que era nos tempos em que este espaço era uma pousada.  

Do quarto cresce o desejo de explorar o que há lá fora 

Cada quarto na Casa de São Lourenço é diferente e convida a uma experiência distinta. No mais famoso, com varanda panorâmica, o revestimento envidraçado põe a nu toda a envolvência do hotel, que nos presenteia com vistas para a montanha, para o Vale Glaciar do Zêzere e para a vila de Manteigas. 

Já no quarto 21, apesar de uma semelhante paisagem cativante, os olhos fixam-se primeiramente nos pormenores de decoração feitos com um dos maiores símbolos da unidade: o burel. Este tecido forra toda a parede por detrás da cama, compõe as cortinas que escondem (demasiado bem) a casa de banho e o closet, aquece os pés através dos chamados quentinhos feitos de burel e avisa os serviços de quarto se podem ou não entrar, através de um pequeno bloco colocado à porta, feito em burel tingido a vermelho e a verde.

A cama alta de cada quarto é convidativa, mas as mantas da Burel Factory mesmo a jeito levam-nos a trocar o calor do interior pela aragem da varanda só para ver a vista que rodeia o hotel. Depois de alguns minutos a contemplá-la, é inevitável que surja a vontade de saber o que há para lá da vegetação.  

Para satisfazer a curiosidade dos hóspedes, o hotel lançou uma novidade que permite ver o exterior bem de perto. É oferecida a oportunidade de fazer caminhadas diárias (uma de manhã e outra à tarde), com João Sousa, chefe de receção e responsável pelas caminhadas.  

O percurso pode iniciar-se na Casa de São Lourenço ou na Casa das Penhas Douradas, pertencente ao mesmo grupo, seguindo-se um trajeto que convida a admirar a flora composta por árvores robustas e cobertas de líquen (indicador de que estamos numa região com reduzidos níveis de poluição), e que pode incluir uma passagem no Miradouro do Fragão do Corvo para desfrutar da vista privilegiada para sul.  

Nem só de caminhadas se faz a Casa de São Lourenço

Quem quiser  máximo repouso nas férias, pode ficar no quarto, recorrer às massagens do spa da Casa de São Lourenço ou ao jacuzzi exterior com vista para as montanhas. Mas para os mais agitados, há várias opções de atividades. 

 

Além das caminhadas guiadas, a Casa de São Lourenço tem ainda bicicletas elétricas que podem ser usadas em percursos delineados previamente, piqueniques em pontos estratégicos para contemplar o pôr do sol, passeios de jipe com piquenique, e em breve haverá ainda uma atividade de observação de estrelas numa localização próxima de São Lourenço (atividade que já existe na Casa das Penhas Douradas) e ainda voos de parapente.  

Quem em vez de se aventurar prefere aprender técnicas de artesanato tradicionais, pode explorar as artes e ofícios locais no workshop de cestaria na vila de Gonçalo ou no workshop na Burel Factoy, disponível desde setembro.

Neste último, os hóspedes vão aprender a valorizar ainda mais a decoração das unidades Burel Mountain Hotels ao aprender que cada peça pode demorar cerca de dia e meio a ser produzida num tear antigo ou quatro horas nos mais modernos. Depois disso, o processo envolve a escolha de um de 26 pontos tridimensionais, que dão forma à experiência montanhosa que junta glamour de cinco estrelas e aventura num só espaço. 

Uma noite na tipologia mais acessível da Casa de São Lourenço custa a partir de €175 em época baixa e €205 em época alta. Já na suite exclusive, a mais cara da unidade, o valor por noite vai dos €290 em época baixa aos €320 em época alta. 

A Casa de São Lourenço está localizada na Estrada Nacional 232, km 49,3, Campo Romão, em Manteigas, e as reservas podem ser feitas no site, por telefone (+351 275 249 730/ +351 968 285 937) ou por e-mail (booking@casadesaolourenco.pt).  

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