É uma das igrejas mais antigas de Portugal, fica localizada em Braga, mas não é a Sé da cidade. Falamos da Basílica de São Martinho de Dume, mandada construir no século VI pelo rei suevo Charrarico, em homenagem a São Martinho de Dume, um bispo oriundo da Panónia, uma antiga província do Império Romano no território que pertence agora à Hungria e porções de território da Áustria, Croácia, Sérvia, Eslovénia, Eslováquia e Bósnia.
As ruínas arqueológicas de São Martinho de Dume, situadas no lugar do Assento, a cerca de três quilómetros da cidade de Braga, revelam vestígios históricos que abrangem desde o período romano até à época contemporânea. Este local inclui vestígios de uma villa romana, uma basílica cristã, um mosteiro e uma necrópole que data do período alto-medieval.
Os trabalhos arqueológicos realizados entre 1987 e 2010 revelaram que a ocupação do espaço teve início com a fundação de uma villa romana no século I-II, permanecendo ativa até ao século VI.
Em meados do século VI, por volta de 550, é relatada, através de documentos históricos, a construção de uma basílica pelo rei suevo Charrarico como agradecimento pela cura do filho. O edifício, com 33 metros de comprimento e 21 metros de largura máxima, apresentava uma planta em cruz latina e cabeceira trilobada, características típicas das igrejas orientais que influenciaram a arquitetura ocidental a partir do século VI.
A divisão interna da basílica refletia as práticas de culto da época suévica, com uma nave retangular, uma quadra central e uma capela-mor, separando claramente o santuário e o coro, reservados aos sacerdotes, da nave destinada aos fiéis. A construção do mosteiro manteve a estrutura pré-existente da villa romana, com algumas adaptações. Vestígios materiais desta fase incluem um pátio pavimentado com lajes monolíticas de granito e um sistema hidráulico romano bem preservado.
Ao redor da igreja foi identificada ainda uma necrópole, caracterizada por sepulturas retangulares.
O mosteiro foi ocupado de forma ininterrupta até o século IX, segundo dados arqueológicos. Em 911, o termo de Dume foi delimitado por Ordonho II da Galiza e, no século XII, restituído à diocese de Braga, período marcado pela reedificação da igreja e pela implementação do culto a São Martinho de Dume.
As subsequentes modificações ao longo dos séculos, especialmente nos séculos XVII-XVIII, culminaram na demolição da igreja medieval e na construção de um novo edifício no mesmo local, mantendo a importância histórica do local.
O Núcleo Museológico de São Martinho de Dume fica localizado a poucos metros da Igreja de São Martinho de Dume, atual igreja que tem uma menor dimensão do que a basílica que apenas é possível visitar algumas das suas ruínas.