Desde a passada quarta-feira, dia 14 de agosto, que várias zonas da Ilha da Madeira estão a ser consumidas pelas chamas num incêndio que se mantém ativo e que deflagrou nas serras da Ribeira Brava, propagando-se a Câmara de Lobos e ao município da Ponta do Sol.
As chamas podem ter um impacto ambiental significativo na zona sul da ilha, mas não devem ameaçar a floresta Laurissilva, avançou Hélder Spínola, professor universitário e ex-presidente da Quercus, em declarações à Agência Lusa.
“Neste momento, a floresta Laurissilva está particularmente nas encostas viradas a norte. São um espaço mais húmido. A própria floresta Laurissilva é muito mais resistente aos incêndios do que esta floresta exótica, com muitos elementos invasores”, referiu ao fazer um balanço sobre o incêndio.
“Isto não quer dizer que as perdas não sejam relevantes. São, sem dúvida. Estas zonas afetadas pelos incêndios estavam a recuperar os seus elementos naturais, ao longo dos anos. Estamos a falar de incêndios que são cíclicos”, apontou.
Hélder Spínola referiu que os ecossistemas mais bem preservados da ilha, do ponto de vista da biodiversidade, estão nas encostas viradas a norte e que, “felizmente ainda não estão a ser afetadas pelos incêndios, nomeadamente a floresta Laurissilva”.
Esta floresta subtropical húmida, classificada Património Mundial da UNESCO pela sua biodiversidade única, é caracterizada por uma vegetação densa e rica em espécies de plantas que pertencem à família Lauraceae. Este ecossistema é o que resta das florestas que cobriam a Europa e o Norte de África durante o período Terciário, há milhões de anos.
Hoje, a Laurissilva é encontrada principalmente na ilha da Madeira, em Portugal, e em algumas ilhas dos Açores e Canárias. Com mais de mil espécies, em que cerca de 20% são exclusivas da ilha da Madeira, é considerada por muitos uma floresta-relíquia e uma das principais atrações turísticas da Ilha da Madeira.