Muitas vezes vemos o mundo tal como o conhecemos hoje como um dado adquirido, sem nos questionarmos muito sobre a origem de certos fenómenos como a globalização. E quando é este o tema, é preciso falar de uma cidade portuguesa.
Deves estar a imaginar uma cidade costeira ou com um grande porto, como Lisboa ou mesmo Sagres, mas e se dissermos que uma das raízes deste fenómeno global pode ser encontrada na cidade de Tomar?
Localizada no distrito de Santarém, Tomar foi mais do que uma cidade templária. No século XIV, após a extinção da poderosa Ordem dos Templários pelo Papa Clemente V a pedido do rei de França, Filipe IV, Portugal tomou uma decisão ousada: criou a Ordem de Cristo, herdeira direta dos templários, e foi em Tomar que esta nova ordem instalou a sua sede, mantendo viva a organização, o saber e, sobretudo, os recursos financeiros e logísticos dos antigos cavaleiros.
Esta decisão teve impactos económicos e religiosos importantes e contribuiu para a reconfiguração do poder na Europa.
Foi através da Ordem de Cristo que o Infante D. Henrique, figura central dos Descobrimentos Portugueses, encontrou apoio e financiamento para as primeiras grandes expedições marítimas. Ao tornar-se Grão-Mestre da Ordem, D. Henrique fez de Tomar uma verdadeira “sala de comandos” da expansão marítima. Daqui partiam planos, mapas, ordens e recursos que viriam a alimentar a longa viagem rumo ao desconhecido – e, com ela, o início das trocas culturais, comerciais e científicas entre continentes.
As caravelas que percorreram os mares levavam nas velas a cruz vermelha da Ordem de Cristo – símbolo templário e tomarense – visível nos navios que chegaram à Índia, ao Brasil, a África e ao Oriente. Esta marca tornou-se o primeiro “logótipo” da globalização, tendo nascido em Tomar.
Hoje em dia toda esta história é contada em vários locais da cidade, incluindo no Convento de Cristo, no Museu dos Fósforos, no Museu Municipal de Tomar, e nos símbolos dos templários e da Ordem de Cristo expostos em fachadas, ruas, azulejos e brasões. Outra das formas de conhecer este legado é seguir a Rota dos Templários através de uma aplicação criada para o efeito.
No entanto, há mais formas de viver a cidade que impulsionou a globalização. A gastronomia é uma delas, em restaurantes de renome como o Chico Elias, A Lúria ou o Estrelas de Tomar. Destaca-se ainda o Taverna Antiqua, restaurante temático que oferece uma refeição de cariz medieval, com pratos como a Empada de Javali com puré de maçã, o Bacalhau à Mercador e, nas sobremesas, a Mousse de Castanha e Requeijão.