O luxuoso e histórico hotel Reid´s Palace, no Funchal
Evasão

Descobri o amor depois dos 40. E largava tudo pelo Reid’s

Inspirado na Festa da Flor da Madeira, o luxuoso hotel Reid´s Palace criou o “Botanical Bliss”, um conjunto de atividades focadas na sustentabilidade. Há melhor motivo para voltar à minha varanda Atlântica?

Costumo dizer que um bom cliché faz sentido quando usado corretamente. E é o caso. Sabem aqueles amores que não se explicam, aquelas paixões assolapadas à primeira vista, aquelas relações que duram e (sobre)vivem mesmo com um oceano pelo meio? É o caso sério que tenho com o Reid´s Palace, no Funchal. E, sim, não me importo de partilhar esta história de amor com o Churchill ou com a Imperatriz Sisi da Áustria (dois dos seus lendários hóspedes), porque o amor tem muitas formas, e aceito que o Reid´s tenha de ser poliamoroso. Chamo-lhe a minha varanda Atlântica. Conheci-o pela primeira vez há mais de uma década e só regressei há dias como quem regressa para o grande amor da sua vida. Soa a exagero? A cliché? Julguem-me. Mas os amores não se explicam e eu gosto de viver os meus como uma versão contemporânea de Romeu e Julieta. Tirem por favor o Di Caprio e acrescentem este palácio cor de rosa.

E começo pelo fim. Estive um fim de semana no Reid's Palace a convite do próprio hotel para conhecer o programa “Botanical Bliss”, depois disso, seguiram-se dois dias inesperados de tentativas falhadas de voos com regresso a Lisboa devido aos ventos na Ilha. Foram madrugadas e muitas horas passadas em filas no aeroporto e na incerteza. Dado o cenário, admito que fui uma privilegiada, porque nesses dias o Reid´s convidou-me sempre a regressar. À chegada, logo à porta ouvimos “Bem Vindas a Casa”. E podia terminar o texto aqui. O Reid´s Palace é isto, tudo o que cabe e o que não cabe nesta forma de receber. É o lugar onde acordamos em lençóis bordados e com o jornal à porta do quarto, onde ainda se pode pedir para engraxar os sapatos ou ter um Menu de Almofadadas para escolhermos até a fragrância que queremos na nossa própria almofada. É o lugar onde os animais de estimação têm direito a cama no quarto, água engarrafada e um menu criado pelo Chef executivo Luís Pestana, que pode incluir frango biológico e legumes da horta.

Se todos os hotéis, nomeadamente neste segmento de luxo, se posicionam como uma casa fora de casa, o Reid´s nem precisa de se esforçar. É-o naturalmente. Pelo lugar (no topo de uma falésia, uma varanda Atlântica envolvida por mais de 10 hectares de jardins subtropicais), pela história (são mais de 130 anos que se respiram ali mesmo depois de todas as modernas renovações), pela hospitalidade, pelo serviço e, acima de tudo, pelas suas pessoas. Nesse fim de semana, testemunhei como transformaram alguns espaços só para garantir que os hóspedes (o seu grande mercado continua a ser o Reino Unido) pudessem assistir à Coroação de Carlos III na televisão, momento acompanhado naturalmente por chá e scones. Da mesma forma que fizeram questão de me servir o seu tradicional Chá da Tarde no Terraço, nesse sábado extraordinariamente ao meio dia. O Reino Unido tinha um novo rei, eu, mini sandes, scones acabados de fazer, uma seleção de 24 chás de folhas soltas e, claro, um flute de champanhe.

 

E nesse dia os clientes estavam particularmente bonitos, talvez vestidos para a solenidade do momento, ainda que exista como que uma espécie de código de elegância respeitada ou seguida por todos e em todos os dias. É o Reid’s e os hóspedes sentem-no. Há algo ali especial que faz com desçam elegantes seja para o pequeno almoço logo às 7h30, ou quando vão jantar ao William Restaurant, detentor de uma estrela Michelin e batizado com o nome do fundador do hotel, William Reid. E mesmo em dias com uma taxa de ocupação de 98%, tudo flui e a natureza à volta é a única presença que se faz notar.

"BOTANICAL BLISS" E A SUSTENTABILIDADE DAS FLORES

No mês que a Madeira vive a Festa da Flor e as ruas do Funchal se vestem de mercados perfumados e tapetes de flores, o Reid´s Palace criou o “Botanical Bliss”, um fim de semana com um conjunto de atividades e de workshops com uma visão sustentável. “Apesar de a Festa da Flor ser um evento maravilhoso, as flores não são reutilizadas e, por isso, decidimos ter este foco na sustentabilidade” explica a relações públicas do hotel, Zoe Barreto, que acompanhou o grupo de jornalistas nacionais e internacionais convidados para o primeiro “Botanical Bliss”. “A nossa ideia será sempre baseada na sustentabilidade e na reutilização das flores, por isso pensámos nos workshops das velas decoradas com flores frescas e aromas da Madeira e outros dois workshops como uma forma de aprender sobre como podemos reutilizar as flores até nas nossas casas” acrescenta.

Dizem que o “Reid´s é um destino dentro de um destino” e a experiência nestes dias fez-se de muitas experiências. Incluiu uma visita guiada aos jardins subtropicais do hotel; um jantar a que chamaram “Fauna & Flora Delight”, uma carta de amor do chef Luís Pestana à sua terra natal em forma de menu que presta homenagem aos produtos locais frescos, às iguarias da Madeira, servido numa das varandas com vista sobre o Atlântico; o “Picnic Under the Palms” com o chef a evocar uma refeição elegante ao ar livre, com um menu que desperta a imaginação e que saboreamos entre o farfalhar das palmeiras e as vistas do Oceano; e ainda um workshop de velas aromáticas e veganas com a PRANA, em que os fundadores da marca Joana e Ismael nos ensinaram a produzir uma vela e em que utilizámos ervas aromáticas dos próprios jardins do Reid’s. Haverá melhor forma de recordar a Madeira em casa do que acender uma vela infundida com os aromas da Ilha e feita por nós?

O “feito por nós” foi o que me inquietou logo à chegada. Para além da vela, iriamos ter ainda Arte Botânica e Eco Printing em tecido, em outros dois workshops. Sabem aquela pessoa sem qualquer jeito para trabalhos manuais e com o trauma de ouvir os professores repetirem todos os anos “esqueça cálculos, esqueça a cola e a tesoura, desista de fazer a capa para os trabalhos e agrafe simplesmente os cantos da cartolina…”? Essa pessoa sou eu. Mas depois de criar uma vela, comecei a acreditar que talvez fosse possível. O Möet et Chandon (servido em todos os workshops) pode ter ajudado no meu nível de confiança.

E a responsável pelo meu sucesso (pelo menos conclui os trabalhos…) nos dois workshops que se seguiram chama-se Mónica Souto, nascida na Ilha e uma apaixonada pela natureza desde pequena, tendo passado na infância tempo com a avó, Maria Tristão, no seu jardim, a aprender sobre as  maravilhas da natureza. Em memória da sua mentora, criou o negócio Tristoas, fazendo Arte Botânica com recurso a flores secas e conservadas. Na sala, no workshop, aprendemos diferentes técnicas de prensagem e de preservação de plantas, com flores colhidas à mão nos jardins do Reid’s. E com cola e uma prensa à frente, criei a minha primeira composição artística com flores silvestres madeirenses. Enquanto Mónica a emoldura eu, cheia de orgulho, já só pensava “que bom, ainda não tinha presente para o Dia da Mãe”.

Já num domingo quase de verão, Mónica Souto levou-nos pelos jardins, de cesto e de tesoura na mão, para escolhermos as flores para o workshop Eco Printing. A impressão ecológica é uma técnica simples de tinta natural para transferir a cor diretamente de uma flor ou planta para um pano. Com a sua ajuda, criei um lenço com as flores dos jardins do Reid’s. E, sim, dado o meu nível de expertise no assuno, fiz arte.

E é também esta a arte do Reid’s, a capacidade de se reinventar, de acompanhar as novas tendências na indústria da hospitalidade e de se adaptar às novas exigências dos seus clientes. Chamem-lhe o que quiserem, eu chamo-lhe amor. Eu e provavelmente todos os clientes que regressam ano após ano. “Um beijinho do jardim flutuante mais bonito do Atlântico” é fim do email que recebo no regresso a casa de Mónica Souta. Perdoa-me esta inconfidência e partilha Mónica, mas, se isto não é uma prova de amor, não sei o que será.

 

Design e Artes

A Swatch tem novos relógios com pinturas de Basquiat

Existem três modelos Swatch diferentes e uma caixa especial para colecionadores.

Evasão