Francisco Pinto Balsemão viveu como quem escreve em prosa, mas pensava em verso. Foi político, jornalista, empresário — mas, acima de tudo, um homem que acreditava na palavra. Tinha na serenidade o gesto dos que sabem ouvir o tempo, e na curiosidade, o segredo de quem nunca se dá por satisfeito. Em entrevistas, confessou amar a poesia e o diálogo das ideias, e talvez por isso a sua vida soe hoje como um poema discreto — feito de lucidez, liberdade e humanidade. Um homem que não procurou ser eterno, mas que o será pelo legado que deixa.
Um leitor fiel de grandes autores
Balsemão não era apenas o jornalista, empresário ou o político: como avançava a SIC em abril, Francisco Pinto Balsemão referiu-se ao escritor Mario Vargas Llosa como “uma figura máxima da literatura mundial” e contou ter tido o privilégio da amizade desse Nobel, destacando o poder dos livros para mudar perspectivas.
Curiosidade intelectual e abertura à inovação
Mesmo já com décadas de carreira, Balsemão abraçou o futuro — liderou a criação de um podcast das suas memórias com recurso a inteligência artificial, reconhecendo-se como “apaixonado pelas novas tecnologias” e pronto para aprender “coisas novas, mesmo com a simpática idade de 87 anos”.
Humildade e autodefinição fora dos cargos
Questionado sobre como queria ser lembrado por Daniel Oliveira em entrevista ao programa Alta-Definição, deixou uma resposta de leveza: “Nesse altura telefono-lhe do além e peço para o Daniel fazer o epitáfio.” Essa resposta revela o homem que era para além dos títulos — consciente da sua marca, mas tranquilo quanto ao legado.
Pinto Balsemão mostrou-se não só como figura central da democracia, da imprensa e da televisão portuguesa, mas também como um homem de letras, de curiosidade e de cultura. A sua paixão pelos livros, pela aprendizagem contínua e pela reflexão sobre o tempo fazem parte do legado que fica, não só entre a família e amigos tão importantes na sua vida, mas para todos os portugueses que acompanharam os seus marcos.
