Sara e Samuel Cabral, os fundadores da Vulcana | Fotografia: Instagram/@vulcanacerveja
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Da América para os Açores para criar a primeira cervejeira artesanal de São Miguel

Esta é a história de como um casal de açorianos deixou o sonho americano para trás para perseguir uma ambição bem mais palpável: fazer cerveja artesanal de qualidade. Assim nasceu a Vulcana em São Miguel, nos Açores.

Quando Sara e Samuel Cabral abriram finalmente as portas da sua cervejeira em março deste ano, mal sabiam que passado um mês estariam de novo a fechá-las: a procura foi tal, que ficaram sem cerveja para vender logo em abril. Este episódio caricato é-nos contado pelos próprios, numa das mesas corridas do armazém na Ribeira Grande, em São Miguel, que transformaram num taproom e numa fábrica  onde nasceu a Vulcana, a primeira cervejeira artesanal da ilha.

Depois de quase 20 anos a viverem e trabalharem nos Estados Unidos, para onde emigraram em 1998, o amor pela cerveja artesanal surgiu quase por acaso. Em Cambridge, no estado de Massachusetts, viviam perto de uma pequena cervejeira artesanal. Esse acabou por ser o factor determinante para que Samuel começasse a aventurar-se na produção de cerveja em casa em  2011. Durante o dia, Samuel trabalhava como designer para os estúdios da Warner Bros; Sara, bailarina de formação, trabalhou em finanças, publicidade, antes de se dedicar ao ioga, pilates, artes circenses e dança do ventre. Mas a vontade de fazer algo em torno da cerveja não esmorecia com o passar dos anos

“Quando se faz cerveja em casa, a quantidade de amigos vai aumentando”, diz Samuel enquanto prova uma Moranguita, uma cerveja de trigo fermentada à qual foi acrescentada morango verde. De cervejeiro amador, Samuel depressa ganhou vontade de levar o hobby mais a sério. As festas em casa para provar diferentes cervejas e a comunidade que existia em torno da cerveja fizeram o resto para que o interesse por este mundo não parasse de crescer.   Em conjunto com Sara, decidiram que queriam fundar uma cervejeira, mas nos “Estados Unidos há mais de 9000 marcas de cerveja artesanal”, recorda Samuel. Apesar de depressa terem conseguido apoio financeiro par por em marcha o seu plano nos Estados Unidos, o amor pela terra falou mais alto.

Com a pandemia veio a decisão de regressar aos Açores para abrir uma cervejeira como até então não existia em São Miguel. “O ideal era fazermos isto. Temos controlo sobre o produto. Juntamos a música, a família e o design”, conta Sara sobre o que idealizavam, ao olhar para o amplo espaço da Vulcana. Mas os desafios não demoraram a surgir: entre um acidente grave, em 2021, que deixou Samuel com sequelas graves e entraves ao licenciamento do espaço por partes das autoridades locais, só este ano é que a Vulcana viria à vida. “Foi um projeto que ia dando cabo de nós. Nós introduzimos este conceito cá”, afirma Samuel.

As mesas robustas em madeira construiu-as Samuel “porque não havia orçamento”. “A ideia é que não possam mexê-las”, diz, acrescentando que na Vulcana não se trata apenas de “vender cerveja”. “Controlamos a experiência. Os copos vieram da Alemanha e demoraram mais de cinco meses. Queremos contribuir para o culto da cerveja.” A verdade é que de portas abertas há pouco tempo, o sucesso é visível. Apesar de ainda não existir um espaço semelhante na ilha, os habitantes há muito que já queriam ter esta experiência que no continente existe em várias localidades portuguesas.

O nome Vulcana surge da ligação do casal aos mundos de fantasia e de lendas antigas, que pretendem trazer de volta para o imaginário de quem visitar a sua taproom. Para breve,  Sara e Samuel estão a pensar introduzir jogos no seu espaço e promover atividades tradicionais como descidas de carrinhos de esferas nas imediações da cervejeira. Por agora, existem quatro cervejas com estilos mais clássicos como a Kölsch, a mais parecida a uma lager portuguesa, ou estilos mais frutados e amargos como uma IPA ou Red IPA. Para provar a cerveja da Vulcana, só mesmo visitando São Miguel, já que ainda não está nos planos de Sara e Samuel distribuir para fora.

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