Beber água | Fotografia: Unsplash
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Beber água do mar: uma moda com riscos sérios para a saúde?

É um tema cada vez mais falado e as teorias são dispares. Afinal, beber água do mar pode ser benéfico para a saúde? A resposta por um médico em entrevista à VERSA.

No planeta Terra, apenas 2,5% de toda a água existente é doce, uma percentagem diminuta quando comparada com os mais de 97% de água salgada. Estamos cientes da escassez de água doce potável em muitos países em desenvolvimento, mas no caso de países europeus essa é, para já, uma realidade distante ou rara. No entanto, há quem seja tentado a tirar partido da água salgada para ingestão direta, mesmo quando tem a doce sempre à mão.

As razões? Teorias difundidas na Internet e até por profissionais de saúde, que dizem que a água do mar isotónica, isto é, tratada, pode ter benefícios para a recuperação muscular, para o sistema imunitário e até para o antienvelhecimento. Mas será mesmo assim?

A VERSA procurou respostas junto do médico de Medicina Geral e Familiar e especialista em Medicina Estética e Antienvelhecimento na ClínicaLab (Cascais), Ricardo Moutinho Guilherme, que começa por revelar o que nos diz a ciência sobre beber água do mar.

Ricardo Moutinho Guilherme, Médico de Medicina Geral e Familiar e especialista em Medicina Estética e Antienvelhecimento na ClínicaLab (Cascais)

“À luz da evidência científica atual, o consumo de água do mar, tal como está disponível, é altamente desaconselhado. Além de poder causar uma desidratação severa, pela alta concentração de cloreto de sódio (o mesmo sal que usamos para preparar os alimentos), existem outras consequências. Por exemplo, a alta concentração em magnésio neste tipo de água, que também pode provocar uma intensa irritação das mucosas que revestem o esófago, estômago e intestino, podendo desencadear casos graves de diarreia e agravar ainda mais a desidratação”, refere o médico.

Já sobre a água do mar isotónica, eis a reflexão do ponto de vista científico.  

“Especula-se que esta água, devido ao seu elevado teor em vários micronutrientes (como magnésio, cálcio, potássio, selénio, iodo e zinco), poderá favorecer a síntese proteica, a regulação da função muscular e o metabolismo energético normal, reduzindo o cansaço e a fadiga. Em teoria, pode também ajudar no processo de recuperação e reparação do sistema imunitário. No entanto, novamente, não existe evidência científica sustentada no sentido de recomendar o consumo direto desta água, sendo que os riscos suplantam os potenciais benefícios”, afirma Ricardo Moutinho Guilherme.  

Quais os riscos de beber água do mar? 

Quando falamos em riscos ao beber água do mar, leia-se água do mar não tratada, no entender do médico de Medicina Geral e Familiar, vai muito além da desidratação.

Esse é só o primeiro estágio, uma vez que a desidratação pode desencadear sintomas como dores de cabeça, tonturas, fraqueza, aumento dos batimentos cardíacos (arritmias), perda de consciência e convulsões. Em casos extremos, pode mesmo levar à morte.

Adicionalmente, muitas vezes este “tipo de água apresenta contaminantes e/ou poluentes químicos e biológicos”, sendo este mais um dos riscos, tanto para consumo, como para usufruto dos banhistas.

Ainda assim, é possível encontrar benefícios e tirar proveito da água do mar? Vejamos com o médico Ricardo Moutinho Guilherme. 

5 situações em que a água do mar é nossa aliada 

1. Gripes e constipações: “A água do mar vendida em vários pontos pode eventualmente ajudar a hidratar e fluidificar as mucosas, sendo muito usada para lavagens nasais em situações de alergias, constipações, gripes ou congestão nasal, por exemplo. Existem dispositivos que podem ser adquiridos em farmácias, em formato de spray nasal, para uma aplicação mais fácil e direta";

2. Banhos: “Eventualmente, pode haver alguns benefícios nos banhos de água salgada, tendo em conta a absorção desses minerais através da pele”;

3. Acne e problemas de pele: “Este tipo de água, de forma tópica, desempenha uma ação desinfetante e antisséptica, aliviando sintomas de algumas condições, como acne, psoríase ou eczema"; 

4. Esfoliação da pele: “Funciona como um esfoliante natural, devido à presença de sal e algas, ricas em proteínas, vitaminas e outros minerais”;

5. Doenças do foro reumático: “Devido à alta composição de minerais, pode existir também um benefício na redução de inflamação das articulações e músculos”.

Posto isto, a hidratação é, sem dúvida, importante, mas deixemos a ingestão para a água doce e a água salgada para os bons momentos, como aconselha o médico Ricardo Moutinho Guilherme.   

“Para consumo, dê preferência à água pura, devidamente tratada e sem adição de açúcares. Enquanto isso, aproveite ao máximo todos os estímulos sensoriais que a água do mar providencia, não só a nível físico, mas também psicológicos, ao transmitir maior sensação de tranquilidade, calma e bem-estar", remata. 

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