Morar num bairro dentro de uma cidade é viver com tudo aquilo que acarreta: uma ligeira pacatez prazerosa, o bom dia de quem não conhecemos, mas nos sorri, e desfrutar das manhãs calmas de quem se cruza numa ida ao pão. As manhãs no bairro de Benfica passaram a ser diferentes desde que chegou o Pause, novo café e mercearia biológica, inaugurado a 1 de outubro.
Aqui as idas não são para ir ao pão. São para um brunch ou simplesmente um café acompanhado de um “bolinho” — hábito mais expressivo nos mais velhos, segundo Paula Cartier, uma das fundadoras do Pause.
Paula, com 51 anos, e Maria Luís Silva, com 39, decidiram agitar o bairro com uma oferta que até agora não havia por Benfica.
O que há aqui é extramente tradicional. O bairro é cada vez mais jovem, no entanto, a oferta era muito tradicional. Então pensei: ‘há esta lacuna aqui’ e achámos que ia ser uma oferta diferente”, afirma Maria Luís à Versa.
A pausa de que precisamos para um café especial
Maria Luís Silva formou-se em Comunicação, foi gestora de clientes na Vodafone e atualmente tem uma empresa de gestão de alojamentos locais, na qual Paula Cartier também trabalha. Contudo, antes de aqui chegar, Paula dedicou-se durante muitos anos à área da restauração, chegando a abrir inclusivamente o célebre Avocado House Lisbon.
Uma com experiência em gestão, outra na restauração, e somando ainda uma amizade, formou-se a equipa perfeita para abrir o Pause.
Sem rótulos, este é um café com opções para todos os gostos: para os mais saudáveis, os mais gulosos, os vegetarianos, os que gostam de um bom hambúrguer e os que só querem um café (mas não um qualquer).
O nosso café é biológico. É o Flor da Selva, português, que fica na Madragoa", diz Paula. "É um lote que é feito para nós e só há em dois sítios em Lisboa. E há pessoas que vêm aqui só mesmo por causa do café, que também temos à venda", acrescenta orgulhosamente Maria Luís.
A decoração em tons terra e chão vinílico a fazer lembrar o azulejo tradicional português é trabalho de Maria Luís, já a carta é uma conceção de Paula, com o objetivo de ir ao encontro do nome do espaço.
“Pause é o que pretendemos que as pessoas sintam quando vêm aqui. Vamos parar, vamos apreciar não só o momento de convívio, como a comida. Parar a vida corrida que temos hoje em dia para desfrutar”, explica a sócia mais nova do Pause, onde os animais também são convidados a fazer uma pausa.
Os pecados que nem chegam a ser pecados
Paula Cartier teve o cuidado de compor uma carta diversa, com ingredientes biológicos e o mais saudáveis, sempre que possível. As chips de batata doce caseiras não deixam de ser fritas, mas se te apetecer uma sobremesa é para “pecar” sem remorços.
Temos uma cliente que vem cá só para comer a nossa mousse de chocolate e uma vez disse: ‘Ah, não posso vir cá muitas vezes porque tem açúcar'. E nós: ‘Mas não tem açúcar nenhum’. Então as pessoas podem vir pecar à vontade”, brinca Paula.
Peca ainda com um dos brunchs — o Benfica vai das panquecas aos ovos, feijão e bacon (€17) e o Pause inclui iogurte grego, salmão fumado e ovos escalfados (€19,50) — com os bagels (desde €7,50), a bowl de frango e arroz integral (€11) ou de açaí (€7), o hambúrguer tradicional (€12,50) ou de camarão, que tem sido um fenómeno (€13,90), ou o prato do dia com sumo (€7,50).
E o que seria de um espaço destes sem uns ovos Benedict (€9) e panquecas, feitas com farinhas integrais ou sem glúten, como são exemplo as de manteiga de amendoim, banana e granola (€7,50).
Para acompanhar, o clássico cappuccino (€2,20) e, para finalizar, além de café biológico (€0,90), uma espécie de digestivo: sorbet de vodka com açaí (€3,50).
O Pause, situado na rua Amélia Rey Colaço, em Benfica, e está aberto de terça-feira a domingo, das 10 às 19 horas.