Vou começar por admitir que, só pelas imagens que ia vendo partilhadas no Instagram da Casa Reîa, as expetativas eram altas. A começar na decoração interior e exterior, nas refeições com vista para o mar a perder de vista e nos eventos holísticos que têm animado o espaço. E a verdade é que a experiência de um almoço entre as dunas de tons ocre, e com a mesa a receber os principais pratos do menu, superou qualquer expetativa. Na realidade, o Casa Reîa Beach Club, na praia da Cabana do Pescador, é tudo aquilo com que sonhámos e que nem imaginávamos existir tão perto de nós, em plena Costa da Caparica.
Nascida da amizade e da visão dos dois cofundadores — Sacha Gielbaum, fundador do Astral, estúdio por detrás da criação do Yamba, o antigo beach club na Caparica considerado um dos 10 melhores beach clubs do mundo pela Condé Nast Traveller, e Emil Stefkov, fundador do coletivo de restaurantes em Nova Iorque, o The Group NYC — a Casa Reîa eleva-se a um novo patamar graças à mestria na arte de bem receber, à comida fantástica e à intenção de apurar as relações pessoais e sociais através de uma curadoria assente em viagens musicais, práticas de bem-estar e rituais regeneradores.
Quer se entre pela praia ou pelo passadiço de madeira sobre as dunas, a primeira sensação é a serenidade que o espaço nos traz. Sabem aqueles lugares onde apetece logo ficar~? É o caso, há toda uma decoração e um jogo de luz e sombra que flui e que nos diz para não olhar para o relógio. Ali o tempo convida a ficar seja para comer, beber, relaxar, passar pela loja ou ficar para um dos eventos de música. E nada é por acaso. Inspirado pela mitologia grega, Rhea surge de uma das deusas titãs, filha de Gaia, deusa da terra, que era casada com Cronos, deus do tempo. O nome significa serenidade e fluência e representa fertilidade, regeneração e ser mulher. Para além disso, num dos mitos, Rhea traz Dionísio — o deus do vinho e das festividades — de volta à vida. E a toda essa inspiração, os fundadores juntaram a aprendizagem ao longo da vida através de workshops, encontros, conversas e música, para além de muitas outras formas de expressão. Este beach club é, portanto, também um espaço de cultura de todos e para todos os que querem contribuir para o progresso cultural e para a comunidade. É esta a visão que os fundadores trouxeram à Costa da Caparica.
Mas e a gastronomia? É difícil traduzir por palavras a experiência que vivi. Mas explica-se pela forma como toda a filosofia da Casa se estendeu ao verdadeiro coração do projeto: a cozinha. Para começar, são três chefs: o chef brasileiro Dário Costa, mestre da grelha; o chef israelita Udi Barkan, pioneiro de vegetais e fruta e o brasileiro Pedro Lima, chefe executivo. Todos eles apaixonados por produtos locais, sazonais e frescos e com um menu que celebra uma gastronomia consciente com ingredientes atlânticos e mediterrânicos, desenvolvida maioritariamente com marisco e vegetais de produção sustentável e local, provenientes de produtores locais, tais como peixe e marisco da banca de Ana Rosa, do Mercado da Ribeira, em Lisboa, bem como do Mercado do Livramento, em Setúbal; fruta, vegetais e ervas aromáticas da Wisdom Valley, tanto cultivada por eles como por parceiros locais; azeite da Herdade do Esporão; pão artesanal da Gleba; e ostras da Aquanostra, empresa de produção de ostras em Setúbal. De Sashimi de robalo, maçã verde, aipo e funcho; Cenouras assadas no forno a lenha, labneh, citrinos e pistácios; Arroz de marisco no forno a lenha e ostras de Setúbal às especialidades na grelha denominadas DO DIA para destacar a sua frescura, seja vegetais, marisco, peixe ou até carne, a comida centra-se, acima de tudo, na técnica e no sabor.
Podia continuar a falar da minha experiência na Casa Reîa, mas o que tinha para dizer deixei logo no título. É o beach club com que sempre sonhámos. Deixado o nosso veredicto, porque não vais também descobrir?