Foi oficialmente o último festival do verão em Portugal. A 6.ª edição do Chefs on Fire teve lugar durante o último fim de semana, na FIARTIL no Estoril, e durante três dias deu a conhecer pratos da autoria de 27 chefs nacionais e de três chefs internacionais. Esta descrição simplista poderia dar a entender que se trata apenas de mais um festival gastronómico, mas não é bem assim.
A premissa é a mesma desde a primeira edição, em 2018: cozinhar apenas com recurso a fogo, fumo e lenha, como se fazia antigamente. O conceito, único em Portugal e lá fora, é por si motivo de interesse de gastrónomos e de profissionais ligados à área. Mas além da componente gastronómica, a música é outro dos vetores deste festival criado por Gonçalo Castel-Branco. Nesta edição, ao longo dos três dias, subiram ao palco do festival nomes grandes da música portuguesa como Capitão Fausto, Bárbara Tinoco, HMB ou Miguel Araújo, num cartaz eclético, composto também por artistas emergentes como Rita Onofre ou iolanda.
Acima de tudo, o público do Chefs on Fire regressa, ano após ano, devido à experiência que lhe é proporcionada neste evento que se insere na categoria dos boutique festivals – festivais de pequena escala que oferecem uma experiência intimista, sustentável e diferenciadora em relação aos eventos de massas. Neste caso, os protagonistas são os chefs e na última edição estiveram presentes cozinheiros de alguns dos melhores restaurantes nacionais, como Vítor Matos (Antqvvm, com duas estrelas Michelin e 2 Monkeys, com uma), Rodrigo Castelo (Ó Balcão, com uma estrela e uma estrela verde), Arnaldo Azevedo (Vila Foz Hotel, com uma estrela), André Cruz (Feitoria, com uma estrela), Pedro Pena Bastos (Cura, com uma estrela), João Sá (Sála, com uma estrela) ou Luís Brito (A Ver Tavira, com uma estrela).
Fora do universo das estrelas Michelin, o cartaz era também de luxo. João Magalhães (Bar Alimentar), David Jesus (Mapa), Vítor Adão (Plano), Zé Paulo Rocha (’O Velho Eurico) ou Louise Bourrat (BouBou’s) foram outros dos nomes convidados para esta edição. Mas a verdade é que quase todos os cozinheiros mais destacados do panorama nacional acabam por estar representados no Chefs on Fire. A cada ano que passa, o cartaz de chefs convidados tem-se diversificado, incluindo mais mulheres e outros profissionais de pequenos projetos espalhados pelo país e não só das maiores cidades. As suas propostas tanto dão a conhecer alguns dos pratos que confeccionam nos seus restaurantes como arriscam o desenvolvimento de pratos criados de raiz.
Depois de dois anos sem visitarmos o Chefs on Fire, foram-nos evidentes algumas melhorias na organização do festival. O recinto estava mais amplo, as zonas de entrada e de saída foram repensadas e facilitaram o escoamento de pessoas. Já a limpeza das zonas comuns (mesas e outros espaços onde o público se pode sentar para comer) foi exímia, não nos lembrando que estávamos num festival com largas centenas de pessoas. O cheiro a fumo libertado pelas várias fogueiras no recinto pode tornar-se incómodo para algumas pessoas, mas faz parte da experiência.
Um dos fatores que pode afastar as pessoas é o preço dos bilhetes que, na minha opinião, é justo, uma vez que há uma grande estrutura por trás para garantir que tudo corre sem sobressaltos e que há que pagar de forma digna a quem dedica o seu tempo a fazer tudo isto acontecer. Os €90 que são pedidos por um bilhete diário ou os €200 de um passe de três dias podem não estar ao acesso de todos, mas a experiência que é proporcionada está alinhada com o preço que é cobrado.
Fechada a edição de 2024 em Cascais, segue-se uma nova ronda do Chefs on Fire em Madrid (a 5 e 6 de outubro) e um pop-up em Foz Côa (19 e 20 de outubro). Ainda no rescaldo da sexta edição, a organização anunciou esta segunda-feira, escreve a Time Out Lisboa, que o festival estará de volta em 2025, com um formato de dois dias, a 20 e 21 de setembro.
Os bilhetes estarão à venda com um valor promocional (€200 - dois dias, com direito a 15 pratos e dez bebidas; €75 - um dia, com cinco pratos e duas bebidas incluídos). É ir.