Era suposto ser um daqueles segredos que queremos bem guardados, mas a verdade é que é bom demais para não ser partilhado.
Ir ao MATTË é agora obrigatório. E há muitas razões para te convencer disso mesmo. Esta é uma experiência que se supera desde a entrada até ao café.
A decoração do espaço transporta-nos rapidamente para o Japão, quer pelas cores e design, quer pela suave iluminação. Há quem prefira escolher uma mesa, para um ambiente de jantar mais recatado e intímo, mas nós preferimos a barra de quarto lugares com vista direta para o Chef, o lugar mais dificil de marcar. E agora percebo bem porquê!
Somos recebidos pelo proprietário do espaço, Gustavo Neves, de 27 anos, visivelmente orgulhoso do que alcançou. Conta-nos que foram precisas muitas viagens a vários países para inspiração e saber exatamente o que queria que o MATTË fosse.
"O MATTË é um restaurante japonês assumidamente fine dining, em que toda a experiência do cliente é pensada ao detalhe. Os pratos são lindos, o serviço é cuidado, a carta de vinhos tem grandes referências de diferentes segmentos, mas a qualidade do produto é a nossa obsessão e é sem dúvida o que nos distingue.”
A cozinha é liderada pelo chef brasileiro Habner Gomes, um apaixonado por gastronomia japonesa. É é à sua frente que nos sentamos. À medida que manuseia os fresquíssimos ingredientes, com preferência total para peixes nacionais, explica-nos a sua inspiração para cada peça e instrui-nos sobre a melhor forma de a saborear. Espante-se quem quiser, mas quase não se usam pauzinhos, há pratos para comer à colher e a soja só mesmo a que já está em cada peça. Começamos por peças sem arroz, mais leves e de sabores menos intensos. Não é por acaso, é um menu em crescente, cuidadosamente pensado para elevar a experiência.
Enquanto tento descobrir de onde vem esta vontade obsessiva de querer mais e mais nigiris, o chef Habner revela-nos que o segredo está no arroz, que é temperado com Vinagre Akazu envelhecido, que promete mesmo viciar. Acrescentando a isso o facto de estar a 32 graus, com um peixe que não pode estar demasiado frio e que deve ser comido segundos depois de ser servido, e à mão, é a fórmula para toda a explosão de sabores incríveis e dificeis de descrever.
Não serão sempre as mesmas peças que serão servidas neste menu de 12 momentos, já que há um respeito muito grande pela sazonalidade. No entanto, frescura e criatividade são uma garantia.
Sinto que me foi servida a dose certa, não comia nem mais nem menos, o que é raro, e partilho essa mesma curiosidade com o chef, que prontamente me apresenta uma explicação. Confessa que até isso foi experimentado e testado por todos os que trabalham no restaurante para garantir que a satisfação pela quantidade iguala a da qualidade.
É este cuidado, aliado à técnica aperfeiçoada e consistência no serviço e ementa que põe o chef Habner na corrida para conquistar uma estrela Michelin. “Prometi na nossa primeira reunião que tinha o objetivo da Estrela Michelin para o MATTË. Eu quero e trabalho para isso”.
A nós, já conquistou.
Veredicto Versa: VICIANTE
Morada:Calçada Marquês de Abrantes, 22 (Santos).
Horário: Ter-Qui 12.30-15.00, 19.30-23.00. Sex 12.30-15.00, 19.30-00.30. Sáb 19.30-00.30