Quem dobra a esquina da Rua da Escola Politécnica com o Largo de São Mamede, na zona do Príncipe Real, em Lisboa, depara-se com um novo café sempre repleto de gente. Por detrás de uma das janelas de vidro de alto a baixo que deixa entrar a característica luz de Lisboa, encontra-se um balcão em pedra lioz, que acomoda turistas e locais entretidos com os seus computadores, enquanto assistem ao bulício de uma das zonas mais centrais da cidade. Falamos do Numa Café, um espaço que abriu portas em agosto, onde o café de especialidade e a cozinha plant-based são protagonistas.
Laiza Xavier, de 36 anos, é a responsável por fazer tudo acontecer. Antes de decidir aventurar-se neste projeto, passou pelo restaurante de comida saudável Naked (entretanto encerrado) e pelo hotel Le Consulat, na Praça Camões, ao Chiado. O foco agora, diz-nos, está em fazer “uma cozinha não processada e com atenção à redução da utilização de açúcar”. O menu, desenvolvido numa consultoria da cozinheira e food stylist Joana Limão, assenta, portanto, em pratos simples e saudáveis, fazendo uso das leguminosas e dos frutos da época. Mas já lá iremos.
O nome, que pode parecer um tanto invulgar, “tem uma razão de ser muito pragmática”, diz José Luís Barbosa, designer responsável pelo projeto de interiores que é também o proprietário do espaço. “Tinha de ser um nome português, que fosse curto e que se dissesse em qualquer língua. Fica numa esquina, daí ‘Numa Café’. Foi assim que surgiu”, elucida o arquiteto e designer.
A oferta de pratos é variada, podendo ser adaptada às várias refeições do dia. Nesta visita perto da hora de almoço, provámos o Not-so-classic Bagel (€7,50), um bagel vegano do Pão do Beco, um projeto nascido na pandemia, com creme de caju, papaia fumada, picles de cebola roxa e alcaparras. Mas o Sweet (&spicy) Peas (€7), uma esmagada de ervilhas com limão, tiras de pepino, edamame e ervilhas de wasabi acomodada num pão de carvão ativado da padaria The Millstone Sourdough, é outro dos pratos mais pedidos, garante-nos Laiza Xavier, que recorre a várias técnicas de fermentação para servir um menu num local em que não há uma cozinha convencional com fogões.
Na carta, há também uma Panzanella (€9), uma salada de pão italiana com tomate, pêssego, funcho, rúcula, manjericão e vinagrete, que acaba “por ser uma forma de tentar não deitar fora o pão que sobra e de reutilizar as suas aparas”, revela a gerente. O mesmo é feito, por exemplo, com os croutons do gaspacho de fruta da época (€3,6), que agora é o dióspiro. Pensado para almoçar, há ainda O Nosso Poke (€12), com base de quinoa real, com edamame, pepino, maçã verde, picles e molho de miso. Em matéria de bebidas, o destaque vai para os sumos naturais, que são diferentes todos os dias. Um dos mais pedidos é o com base de beterraba, vegetal que é misturado com as frutas disponíveis do dia.
O café, outro dos elementos centrais do Numa, é d’A Sargento Martinho, uma empresa dedicada ao café de especialidade que faz a torrefação no Porto. Além do típico expresso, há café de filtro, com lotes oriundos do Brasil e da Etiópia.
Numa das paredes centrais do café, vislumbra-se uma escultura em ferro com a projeção de um cubo. Feita por José Luís Barbosa “noutro contexto”, estava guardada há uns anos. “Resultou tão bem que acabámos por adaptá-la como símbolo das t-shirts dos empregados.”
No dia a dia, a palavra de ordem é experimentar, considera Laiza. “Somos todos aprendizes. Vamos adaptando. A Joana Limão deixou-nos as bases e, com a experiência que tenho, vou recriando, testando e melhorando”, diz a responsável, que já está a trabalhar numa nova carta de inverno, sem nunca fugir aos princípios-base do Numa: fazer uma cozinha saudável.