Já todos os meus amigos me tinham falado maravilhas da Sala de Corte, dizendo coisas obscenas que me deixavam a salivar. Para quem é apreciador, ouvir coisas do tipo “uma carne com 40 dias de maturação” é igual a ouvir um qualquer soneto clássico da literatura portuguesa. Desculpem este meu entusiasmo, até me devem estar a achar um parvo qualquer por fazer esta comparação, mas o que posso eu fazer?
Mas, se uma ida normal ao restaurante é sempre uma boa escolha, espera até te dizer que, atualmente, o Sala de Corte está com um menu de raças autóctones portuguesas. Esta iniciativa tem como principal objetivo enaltecer e promover o produto nacional. De 15 em 15 dias, a oferta do restaurante cresce para lá da carta habitual, disponibilizando uma raça autóctone portuguesa – nas primeiras semanas desta iniciativa houve Maronesa DOP e Barrosã.
"Quisemos valorizar as raças autóctones portuguesas, que fazem parte do património gastronómico do país, mas também os produtores locais. É preciso ter muita dedicação e respeito pelo ciclo de vida do animal para o criar e manter durante 10, 15 ou até 20 anos, que é o caso das vacas que temos disponíveis para o cliente nesta experiência”, explica Luís Gaspar, o chef, em comunicado – infelizmente, a Covid-19 tirou-me a oportunidade de fazer uma vénia ao chef que fez do meu almoço um paraíso na Terra.
Esta minha experiência começou com um cocktail-chave da casa, o Pisco Sour com Alecrim Fumado. E seguiu-se um tártaro de Novilho e aqui tenho que confessar que vi a minha vida a andar para trás – aqui me confesso, não adoro tártaros, mas também não sou pessoa de dizer que não gosta sem antes experimentar. Atirei-me, com muito cautela, à iguaria e uma garfada bastou para tirar as minhas conclusões: carne crua totalmente crua não é para mim; mas o tempero deste tártaro era divinal. O momento da verdade dá-se quando na mesa nos deixam um grande, vistoso e bem suculento naco de carne, que esteve a ser maturada durante 40 dias.
Como um bom garfo que acho que sou, não há refeição sem sobremesa e, por isso mesmo, das três opções que nos chegaram à mesa, a Pavlova levou a taça de melhor sobremesa – uma votação unânime, é preciso reforçar.
Além deste menu especial, a carta tem novidades que merecem ser experimentadas como como o Foie Gras, brioche, maçã caramelizada com baunilha e vinho Madeira nas entradas, a Burrata DOP, tomate cereja, manjericão e pinhão, o Cocktail de Camarão e uma nova versão do Tártaro de Novilho; o Surf & Turf traz a possibilidade de se acompanhar o corte escolhido com carabineiro, e há ainda Arroz de forno com enchidos do fumeiro, a Trufa de chocolate e a Tarde de Queso.
Sala de Corte
Praça Dom Luís I 7, 1200-148 Lisboa
saladecorte.pt