Rude | Edição: Vasco dos Santos
Reversa

Neste bar de vinhos nada é rude, tudo se bebe

O Rude é um dos novos bares de vinhos de Lisboa e tem perto de 70 referências para provar todos os dias. A acompanhar, há petiscos pensados por Eugeniu Musteata, do grupo 100 Maneiras.

Numa interseção da Rua de Macau com a Rua do Forno do Tijolo, em Arroios, Lisboa, o encarnado vivo das paredes de um dos novos bares de vinhos da cidade chama-nos a atenção. Pendurado diante de uma das janelas, conseguimos ler ao longe num letreiro de luzes neon a palavra ‘Rude’. Lá dentro, os clientes acumulam-se estrategicamente em torno das mesas e do balcão de mármore. Alguns abanam-se de copo na mão; outros mostram-se compenetrados a saborearem o prato que têm sobre a mesa. Da rua, avista-se quase todas as noites este frenesim de comida e bebida pautado por reflexos de tons de vermelho. A verdade é que o nome parece condizer com a onda do espaço.

A Gonçalo Salgado, empresário da área da restauração, ocorreu-lhe o mesmo quando visitou esta antiga charcutaria dos anos 1940 e pensou transformá-la num bar de vinhos de pouca intervenção. A rudeza do sítio e dos seus materiais deram o mote para o resto. “Tal como com os vinhos de pouca intervenção, tentei deixar um rasto de rudeza no espaço. Tentei recuperar o que era a essência de uma charcutaria, adaptando-a a uma casa de vinhos”, explica. Gonçalo Salgado, na área da restauração há mais de 20 anos, vê neste tipo de vinhos, que são produzidos normalmente por pequenos produtores que decidem fugir aos métodos mais convencionais de vinificação, o futuro. 

Neste bar, defende, a ideia é que quem gosta de vinhos “se sinta numa espécie de Disneyland”. Ao todo serão atualmente perto de 209 as referências de vinho que já ali passaram desde que o Rude abriu portas em novembro passado. Os vinhos, por agora, são todos portugueses e oriundos maioritariamente de produtores pequenos que engarrafam em média cerca de 2000 ou 3000 garrafas por ano. Esse pequeno volume de produção obriga a que Gonçalo rode os vinhos regularmente, permitindo aos clientes provarem coisas novas sempre que visitam o espaço. 

Diariamente, “existem entre 60 a 70 vinhos disponíveis”, a copo ou em garrafa,  a maior parte deles escolhidos em conjunto com Alexandre Fraga, sommelier do grupo 100 Maneiras, de Ljubomir Stanisic. Mas mostrar “vinhos fora da caixa”, como os que são produzidos pelos Apart3, pela Herdade do Cebolal ou pela Niepoort, é a missão principal deste espaço que não deixa também a comida ao acaso.  

Quando espreitamos para o interior da cozinha exígua constatamos que não há um fogão. E como é que se pensa a carta de comidas de um sítio  em que não se pode usar fogo, perguntamos a Gonçalo Salgado. “Trabalhamos muito com fermentações, que nos permitem dar uma grande longevidade aos produtos”, começa por dizer.  A ideia é apresentar produtos sazonais de qualidade de pequenos produtores, continua. Para ajudar nesse sentido, Gonçalo recorreu a outro elemento do grupo 100 Maneiras. Desta vez, a Eugeniu Musteata, um dos braços direitos de Lujbomir Stanisic, que ajudou a criar a carta.  

“Amanhã não quer dizer que não possa vir outro chef fazer uma consultoria”, responde sobre o que aparenta ser uma ligação especial ao grupo 100 Maneiras. Mas até a comida faz jus ao nome: “há um caminho muito cru, que se cruza com o nome do espaço”, diz Gonçalo Salgado. É que a cabeça de xara caseira (€13), o tártaro maturado (€14), a sandes de pastrami tugoslavo (€13) ou o húmus de beterraba à marroquina  (€4,5) que encontramos na carta são maioritariamente comidas servidas de forma quase crua.  “O menu é curto para que seja simples escolher”, afirma. 

No Rude, é certo que há sempre uma proximidade entre a comida e o vinho, mas não quer dizer que seja o primeiro a comandar o último. Por agora, revela Gonçalo Salgado, podem esperar-se algumas mudanças na carta quando entrarmos em junho. “Vai haver sempre pratos como as saladas, os enchidos do Feito no Zambujal, as ostras da Aquanostra ou as anchovas do Don Bocarte, mas vamos trazer coisas novas. As festas de Lisboa estão aí e vamos ter um novo prato com sardinha marinada”, antevê. 

No dia em que a Versa visitou o Rude, estavam disponíveis a copo 13 vinhos, entre brancos, tintos e oranges, todos entre os €5 e os €7. Já nas garrafas, os preços podem ir dos €25 aos €75. Além da valência de este ser um espaço que serve “comida em cima da mesa”, isto é, comida para partilhar entre todos sem cerimónias, há também um serviço de garrafeira que apenas é do conhecimentos dos clientes mais habituais que vivem nas redondezas. “Todos os vinhos que temos nas prateleiras podem ser levados para casa, sempre com um desconto de 20% sobre o preço afixado”, explica Gonçalo Salgado.

Morada: Rua de Macau, 2A, Lisboa
Horário: Ter. a qui., 17h-00h e sex. a sáb., 17h-01h
Preço médio: €40
 

Para ficar de olho nas redondezas:

Casa Farta: É uma mercearia, garrafeira e bar de vinhos. Abre brevemente no número 28 da Rua do Forno do Tijolo, a poucos metros do Rude.
 
Design e Artes

Casas de banho de sonho de onde não vais querer sair

Se não estavas a pensar renovar a casa de banho, esta dose de inspiração vai-te fazer mudar de ideias.

Reversa