Hoje em dia, já não imaginamos um mundo sem marcas e logótipos. Eles estão em todo o lado: nas roupas que vestimos, nas carteiras que desejamos, nos perfumes que usamos e até no café que bebemos. Mas já paraste para pensar como tudo começou?
A resposta leva-nos até Paris, em pleno século XIX. Até então, a moda era um negócio discreto de alfaiates e costureiras: as clientes levavam tecidos, pediam ajustes, e quase nunca havia espaço para o nome de quem criava. Foi aí que um inglês visionário, Charles Frederick Worth, decidiu mudar as regras.
Em 1858, abriu a sua própria casa, a Maison Worth, e teve a ousadia de colocar uma etiqueta com o seu nome em cada peça que criava. Pela primeira vez na história, existia uma marca de moda.
Mas a revolução não ficou por aqui. Worth foi o primeiro a perceber que a moda não podia viver apenas de pedidos sob medida. Criou algo inédito: apresentações ao vivo, onde modelos desfilavam vestidos diante das clientes, o embrião dos desfiles de moda como os conhecemos hoje.
Para além disso, inventou também o conceito de coleções sazonais, lançando propostas específicas para cada estação (primavera/verão e outono/inverno), inaugurando o ciclo de tendências que ainda hoje define o ritmo da indústria.
Uma das primeiras mulheres a entrar nesse novo universo foi a Imperatriz Eugénie de Montijo, mulher de Napoleão III, que se tornou a sua cliente mais emblemática e a melhor embaixadora: tudo o que usava passava a ser desejado por toda a corte, transformando Worth no costureiro preferido da corte europeia. Vestir uma criação da Maison Worth passou a ser um símbolo de prestígio e modernidade.
Ao longo das décadas, a marca expandiu-se e passou de geração em geração. Os filhos de Worth deram continuidade ao legado, adaptando-o aos novos tempos e clientes internacionais, incluindo a burguesia rica e até americanas que viajavam para Paris em busca do sonho da alta-costura. No século XX, a Maison diversificou-se e lançou também perfumes, mantendo vivo o nome que tinha inventado uma nova forma de olhar para a moda.
Com o passar dos anos, a influência da Maison Worth acabou por dar lugar a novas casas — Chanel, Dior, Balenciaga —, mas o seu impacto ficou para sempre gravado na história.
Apesar de ter sido a casa que inaugurou a moda moderna, a Maison Worth não resistiu às mudanças do século XX. O estilo mais prático e funcional que começou a marcar a vida das mulheres afastou-se das silhuetas luxuosas de Worth, e a concorrência de novas casas ditou o seu declínio.
Em meados da década de 1950, a Maison fechou portas, mas o seu legado ficou guardado em museus como o Metropolitan Museum of Art ou o Victoria & Albert Museum, onde vestidos originais continuam a ser estudados e admirados.
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Mais do que peças de época, são provas vivas de que foi ali que nasceu a ideia de alta-costura e o modelo de indústria que ainda hoje move a moda. Foi Worth quem transformou o estilista em artista, quem fez da moda um espetáculo e quem ensinou o mundo a viver ao ritmo das tendências.
Tudo aquilo que hoje damos por garantido, das etiquetas com assinatura aos desfiles, coleções por estação ao culto da marca... começou com este inglês em Paris.
