Palácio Ludovice
Evasão

Dormir num palácio em Lisboa? Entre e viaje no tempo

No coração de Lisboa, entre os míticos bairros do Chiado, Príncipe Real e Bairro Alto, o Palácio Ludovice é a nova estrela da hotelaria da capital. Até o Marquês de Pombal se rendeu à arquitetura.

Podíamos começar pelas vistas panorâmicas para a cidade, graças à sua localização imponente acima do Miradouro de São Pedro de Alcântara e do emblemático Elevador da Glória. Ou pelos 61 quartos e suites que nos fazem sentir especiais e nos envolvem com a sua decoração pensada ao pormenor. Mas é a história a que melhor nos recebe no recente inaugurado Palácio Ludovice. Afinal, não é todos os dias que se dorme num lugar assim, na antiga residência privada de João Frederico Ludovice, arquiteto do Rei D. João V.

Estávamos no início do séc. XVIII quando Ludovice chega a Lisboa comissionado pelo Rei D. João V. Na procura por uma residência privada, encontrou o local perfeito nesta localização única e privilegiada, em cima de uma das sete colinas de Lisboa. Foi então ali que construiu o que hoje conhecemos como Palácio Ludovice, cuja imponência transpira na fachada de cinco pisos, de dimensões e altura desiguais, abertos por uma porta central com pilares decorados, janelas bordadas a pedra, paredes de azulejos azuis e brancos setecentistas, varandas com vistas panorâmicas sobre Lisboa, uma capela com símbolos maçónicos e inscrições hebraicas, quartos e salas com tetos em reboco e uma escadaria majestosa.

Pouco tempo depois da sua construção, o palacete tornou-se um edifício de interesse público ao sobreviver ao grande terramoto que, em 1755, devastou Lisboa, tornando-se num marco de inspiração para os edifícios pombalinos aquando da reconstrução da cidade pelo Marquês de Pombal. Já no século XIX, sob a visão de partilhar com a cidade este emblemático espaço, foi dividido em várias parcelas a fervilhar de vida com lojas, escritórios, apartamentos privados ocupados por aristocratas europeus, e o Solar do Vinho do Porto.

“Quando olhámos para o edifício e estava cá o Instituto do Vinho do Porto achámos que fazia sentido continuar essa associação e, portanto, todo o hotel vive à volta dessa experiência do vinho” explica o responsável e arquitecto do hotel, Miguel Câncio Martins. “Depois traduzi toda essa experiência também na decoração para se sentir quase o ambiente das vinhas, e há a experiência de gastronomia e dos vinhos” acrescenta.

Um hotel Wine Experience

É assim que o emblemático palacete reabre as portas, com a renovação assinada por Câncio Martins, que manteve na alçada os azulejos originais do séc. XVIII, os frescos e os tetos de reboco, preservados de modo a transportar a identidade antiga para o nascimento deste novo hotel ou, se preferirmos, um palacete a ocupar um quarteirão inteiro. Todos os quartos e suites foram cuidadosamente desenhados para reavivar elementos do séc. XVIII e casá-los com os mais luxuosos confortos da hotelaria moderna.

“O nosso posicionamento é de luxo, mas hoje o luxo é diferente, é simples, é quando se olha e não perturba. O luxo é este lado pacífico e simples, é o conforto do espaço. Para mim, é o mais importante” acrescenta o arquiteto.

O pátio do Palácio Ludovice é o ponto de encontro para as mentes criativas amantes da gastronomia e do vinho. A atmosfera sofisticada do restaurante Federico, um bar vibrante erguido nos alicerces de uma adega de outrora e um serviço digno de um palacete juntam-se para oferecer uma experiência sensorial única. Para o menu, a equipa adotou uma filosofia de regresso às origens, com clássicos portugueses e franceses, um foco no produto local e de qualidade e uma ligação única ao vinho e à sua história.

Os clientes podem encontrar uma típica chanfana à moda de Coimbra, acompanhada de puré de batata trufado e espuma de grelos; um presunto curado de 24 meses, de um pequeno produtor local que fornece, entre outros, o chef Alain Ducasse e alguns dos melhores restaurantes do mundo; e a pannacotta de pêssego com gelado de colheita tardia como um exemplo perfeito da cozinha inovadora e audaz da equipa do Federico.

Tudo harmonizado com uma lista cuidadosamente selecionada de vinhos portugueses, que presta homenagem à história do vinho e à enologia em Portugal, distinguida como "a arte do blend". Um país com mais de 300 variedades de uva, aqui a oferta de vinhos inclui a tradição de cada região vinícola, e foca-se em apresentar algumas das mais raras e únicas castas do país, como a Tinta Negra da Madeira e o Alicante Bouschet do Algarve, entre muitas outras.

A boutique e o spa Caudalie   

À experiência junta-se a primeira boutique e spa Caudalie de lisboa, com porta aberta para a rua. Tem duas salas que oferecem tratamentos faciais e corporais inspirados nos protocolos de assinatura Vinothérapie da marca francesa. A experiência começa com um chá herbal Caudalie orgânico, uma mistura de assinatura com canela, amora, vinho tinto, zest de laranja e groselha preta, num oásis de bem-estar inspirado pelas vinhas de Bordeaux. Todas as terapeutas foram formadas em Bordéus, onde estão as raízes da marca, e agora aplicam os conhecimentos em Lisboa.

“É uma forte aposta e um sonho antigo nosso abrir este Boutique Spa. A marca já era comercializada em farmácias e agora é uma experiência diferente para os nossos clientes. Aqui têm os nossos protocolos de beleza, extraordinariamente exigentes e em que a Caudalie tem o know how em termos de corpo e rosto” explica Madalena Gusmão responsável pela marca em Portugal.

Nécessaire

Joana Schenker: a mudança de alimentação, a rotina de beleza e os guilty pleasures

Da alimentação à preocupação com a saúde e com a imagem, Joana Schenker fala-nos do estilo de vida daquela que é uma das maiores atletas portuguesas e campeã mundial de bodyboard.

Evasão