A saída de Virginie Viard da Chanel é apenas mais uma dança de cadeiras com muito estilo e pouco jogo de cintura. Nos últimos anos, a indústria da moda tem assistido um desfile de despedidas, com diretores criativos a abandonarem grandes Casas de moda como se fossem festas exclusivas das quais já se cansaram.
Viard assumiu o cargo na direção criativa da Chanel após a morte de Karl Lagerfeld e a receção do público às suas criações foi, na melhor das hipóteses, morna, mesmo com o ano de 2023 a bater recordes nos números de vendas.
Chanel sempre nos habituou a uma certa consistência com Lagerfeld no leme durante décadas, mas desde então que os conceitos por detrás das propostas da marca parecem mudar com a mesma frequência com que uma It girl muda de look. Segurar o leme foi de facto difícil para Viard, mas também é importante notar que não se compete com o legado de Lagerfeld.
Com esta notícia, não deixa de ser inegável o humor nas últimas desistências das grandes casas. "Quem será o próximo a sair?" soa a título de reality show, mas é a questão que agora fica no ar. Entre despedimentos inesperados e saídas "amigáveis" que mais parecem divórcios com termos bem negociados, a moda tornou-se um campo de batalha onde poucos conseguem manter-se no topo por muito tempo.
Contudo, há um lado sério nesta dança de cadeiras. As expectativas irrealistas e a pressão incessante para inovar, criar tendências e até entreter o mercado são imensas. Começamos a perceber que, às vezes, é necessário mais do que apenas um nome de peso para garantir o sucesso a longo prazo.
Assim, enquanto o público observa estas desistências de camarote, com mais ou menos pesar, a indústria continua a procura pelo próximo grande nome. Resta esperar para ver quem será o próximo no comando criativo da Chanel. Afinal, o espetáculo tem (sempre) de continuar.