"Sharma" parece confundir-se com charme e apesar de estar implícito na nova marca portuguesa, remete-nos para a palavra do antigo idioma sânscrito, de origem indiana, que significa "conforto e alegria". É também alegria que a marca Sharma, fundada por duas mulheres empreendedoras e amigas, Brigitte Costa e Bruna Cabral, pretende trazer ao dia a dia dos apreciadores de joias.
Falamos de joalharia de luxo, intemporal, pensada para mulheres e homens com estilos de vida cosmopolitas, que prezam pela exclusividade. A Sharma oferece-a em pequenas coleções, sendo as primeiras a coleção-semente, denominada Pétala, e a coleção Sharma, que será renovada a cada dois meses, estreando-se com sete brincos, sete anéis, sete pulseiras e sete colares em prata 925, ou prata 925 com banho de ouro de 18 quilates.
Outros materiais, mais nobres, do ouro maciço às gemas preciosas naturais, poderão surgir noutra vertente da Sharma, as coleções-cápsula, que serão concebidas juntamente com arquitetos, designers e personalidades bem conhecidas, tenham ou não um passado ligado à ourivesaria. Um desses casos é o renomado arquiteto Álvaro Siza Vieira, que se estreia no mundo da joalharia através de uma coleção de edição limitada, que é como um espelho da sua carreira com mais de 70 anos, marcados pelo Prémio Pritzker, considerado o Nobel da arquitectura, e ainda no ano passado com o Prémio Extraordinário, nos FAD Awards.
Quem se segue na lista destas coleções-cápsula exclusivas? E o que esperar das próximas peças Sharma, que prometem inovação constante? Descobre na entrevista de Brigitte Costa e Bruna Cabral à rubrica diVERSA (que também já podes ouvir em formato podcast).
Quem está por detrás da Sharma?
As fundadoras da marca sou eu, Bruna Cabral (37 anos, licenciada em Direito, administradora numa instituição financeira nacional) e a Brigitte Costa (50 anos, profissional na área de contabilidade de um grupo empresarial).
O que significa o nome Sharma?
Em sânscrito, Sharma significa proteção, conforto e alegria. Um dos catalisadores para o nome da marca foi também um livro, O Clube das 5 da Manhã, do conhecido autor Robin Sharma, centrado na temática de desenvolvimento pessoal, que ofereci à Brigitte num momento importante para ela, e que acabou por reforçar a nossa amizade e sintonia [Bruna Cabral].
A Sharma surge como uma marca de joalharia portuguesa de abordagem inovadora e exclusiva. O que motiva a sua criação e propósito?
Simplesmente sentimos a necessidade de nos reinventarmos e completarmos profissionalmente, com algo criado de raiz, em nome próprio, com características diferenciadoras, numa área pela qual tivéssemos afinidade. A marca aposta em coleções limitadas e renovadas frequentemente, além de colaborações exclusivas com criadores de renome, de diferentes áreas artísticas, a quem vamos ou estamos a lançar o desafio de pensarem fora da caixa na idealização e desenho de uma coleção de joalharia. As nossas linhas procurarão transmitir requinte, intemporalidade e contemporaneidade também. Idealizámos um perfil de cliente (mulher e homem) com um estilo de vida ativo e cosmopolita [Brigitte Costa].
Como gerem o equilíbrio entre inovação constante e a preservação da identidade da Sharma?
A nossa identidade é transmitida pela nossa coleção-semente, a Pétala, e pelas sete linhas (com brincos, colares, pulseiras e anéis) da coleção Sharma, as quais, serão renovadas a cada dois meses com novos designs. A inovação estará contida nas coleções-cápsula que vários criadores idealizarão, segundo as respetivas visões e exequibilidade de produção das peças pelos nossos ourives.
A colaboração com Álvaro Siza Vieira deu um enorme destaque à Sharma. Qual foi o maior desafio em trabalhar com um arquiteto de renome sem precedentes na área de ourivesaria e joalharia?
O maior desafio foi, sem dúvida, a adaptação do olhar arquitetónico para o universo delicado e detalhado da ourivesaria e joalharia. Siza Vieira tem uma abordagem criativa única, profundamente enraizada na funcionalidade e na escala arquitetónica. Foi necessário traduzir conceitos e materiais que ele dominava para um contexto totalmente novo, respeitando ao mesmo tempo a essência do seu trabalho e os princípios que guiam o design da Sharma. Outro ponto desafiador foi o equilíbrio entre inovação e funcionalidade. Criar peças que fossem tanto obras de arte quanto joias usáveis implicou um esforço conjunto para garantir que cada detalhe técnico estivesse à altura da visão artística. Esse processo foi tão desafiador quanto enriquecedor, porque nos permitiu explorar novos territórios criativos e elevar os nossos padrões de qualidade e design. Por fim, gerir expectativas – tanto as nossas quanto as dele – foi uma experiência de aprendizagem. No final, o resultado foi um testemunho de que a colaboração entre diferentes áreas pode gerar algo verdadeiramente único e inovador [Bruna Cabral].
De que forma a nova coleção espelha o renomado trabalho que todos conhecemos de Siza Viera?
Assim como a arquitetura de Siza Vieira combina formas esculturais com uma funcionalidade impecável, as peças desta coleção traduzem esse mesmo princípio para o universo da joalharia. Os edifícios de Siza Vieira proporcionam experiências sensoriais e emocionais únicas aos seus ocupantes, tal como estas joias foram criadas para serem sentidas e apreciadas de forma íntima, tanto pelo design quanto pelo significado que cada peça carrega. São peças que transcendem o mero uso e se tornam parte da história de quem as usa, um equilíbrio perfeito entre estética e propósito [Brigitte Costa].
O que há dos traços de arquitetura de Álvaro Siza Vieira na coleção-cápsula Sharma?
As peças da coleção-cápsula destacam-se pelas curvas suaves e linhas orgânicas, que evocam a harmonia entre geometria e natureza, além de um minimalismo sofisticado no qual nada é supérfluo. Esta coleção é uma perfeita fusão entre arquitetura e ourivesaria [Brigitte Costa].
O que esperar das próximas colaborações? Mais nomes relevantes fora do mundo da joalharia?
A Sharma contará com nomes de renome em diversas áreas, como arquitetura de interiores, design, interpretação cénica e estilismo de moda, que irão partilhar as suas visões criativas para a marca. Recentemente, anunciámos que Álvaro e Henrique Siza, filho e neto do arquiteto Siza Vieira, também irão assinar coleções de autor, com lançamento previsto para 2025. Assim, teremos o privilégio de apresentar três gerações da família Siza a criar coleções de luxo exclusivas para a Sharma, reforçando a ligação entre arte, arquitetura e joalharia [Bruna Cabral].
Qual foi a inspiração para a construir a coleção masculina?
Pelos mais variados motivos, e tendo por base os nossos gostos, circunstâncias de vida e interesses pessoais, todos nós seguimos o percurso de várias correntes estéticas, a que depois agregamos as nossas próprias ideias e visões. Olhámos para as tendências e tentámos obedecer ao nosso conceito: criar joias intemporais e marcadas pela contemporaneidade [Brigitte Costa].
Tem sido um desafio conquistar o mercado nacional?
A marca tem cerca de dois meses e está ainda a dar os primeiros passos. A aposta comercial passa quase exclusivamente pelo e-commerce e, depois, por algumas parcerias estratégicas, como complexos hoteleiros de cinco estrelas e de charme, e como alguns museus, onde as coleções da Sharma encontrar-se-ão expostas, para venda [Bruna Cabral].
No panorâma internacional, como pretendem transmitir a identidade portuguesa, destacando o talento dos ourives portugueses?
A nossa estratégia internacional estará focada principalmente no segmento de luxo, privilegiando parcerias com criadores de renome, tanto nacionais como internacionais, que desenvolverão conceitos e peças exclusivas para a Sharma. Apenas as coleções-cápsula serão produzidas em ouro maciço, sendo a utilização de pedras preciosas avaliada individualmente para cada criação [Brigitte Costa].
