Quem conhece bem a diversidade de marcas portuguesas, já terá ouvido falar na Mustique, uma marca que se diferenciou desde o início, em 2018, pelas peças de roupa com estampados diferentes e cores vibrantes, muitas inspiradas no block printing da Índia, e desenhadas para fazerem parte de estilos descontraídos.
Fundada por dois amigos de infância, Vera Caldeira e Pedro Ferraz, a Mustique já não é o que era, tendo chegado o tempo de mudar até de nome ao fim de sete anos. De Mustique passa para Gandaia, marca que nasce já "adolescente”, sendo fruto de uma experiência de vários anos.
A VERSA falou com os fundadores Vera e Pedro, que explicam o que muda da Mustique para a Gandaia e revelam até onde pretendem levar a nova marca.
O que significa Gandaia?
Gandaia é um estado de lazer descomprometido e despreocupado, de busca por diversão. A palavra deriva do termo popular usado para descrever celebração. Uma expressão que captura a essência de uma vivência efémera e intensa, cheia de leveza.
Achámos que isto é uma palavra que nos define como pessoas e que também engloba as características que queremos transmitir com a marca.
Estamos a assistir apenas a um rebranding ou houve uma transformação mais profunda na filosofia da marca?
Houve um crescimento e um amadurecimento da marca. A Gandaia já nasceu “adolescente”, sendo fruto da nossa experiência de vários anos com a Mustique. Temos uma melhor noção do que o mercado e os nossos clientes querem.
Hoje, essa experiência traduz-se numa vontade ainda maior de elevar a fasquia. Vamos continuar a investir na qualidade – desde o design até aos tecidos e a confeção – para criar peças mais requintadas, intemporais e duradouras.
Mais do que seguir tendências, queremos que quem veste Gandaia sinta que tem algo especial no armário: roupa com caráter, bem feita, e com uma história por trás.
A nova coleção inspira-se no lifestyle lisboeta. Como o mar, o sol ou os azulejos se refletem no design?
As duas camisas “Tiles Shirt Brown” e “Tiles Shirt Lilac” foram inspiradas em azulejos que vimos em Lisboa. Os calções de banho “Sun Swim Trunks Brown” e “Sun Swim Trunks Green”, a t-shirt “Pink Sun T-shirt”, a camisa “Sailor Shirt” e a “Mermaid T-shirt” têm todos elementos que remetem ao mar e ao sol.
A produção local continua a ser uma prioridade. Quais as vantagens na aposta em fábricas nacionais e no selo "made in Portugal"?
Trabalhar com fábricas nacionais e apostar no selo "made in Portugal" é uma forma de garantir qualidade. Portugal tem um know-how têxtil incrível, com gerações de experiência e uma atenção ao detalhe que se sente em cada peça. Produzir localmente permite-nos acompanhar de perto todo o processo, desde o design até à confeção, garantindo que tudo é feito com o rigor e o carinho que a nossa marca representa.
Além disso, é uma forma de apoiar a economia local, criar empregos e valorizar o que é nosso. O selo "made in Portugal" é sinónimo de orgulho, autenticidade e confiança – não só para nós, mas também para quem veste Gandaia.
Produzindo cá, reduzimos também a nossa pegada ecológica, evitando transportes desnecessários e apostando numa moda mais consciente. No fundo, é sobre fazer diferente, fazer melhor e fazer com propósito.
Quais são os maiores desafios ao internacionalizar a marca?
Internacionalizar uma marca como a Gandaia é um passo natural, mas também cheio de desafios. Um dos maiores desafios para conseguir entrar num mercado internacional é ter investimento para o fazer – participar em feiras e showrooms fora de Portugal tem um custo elevado. Para nós, que fazemos questão de crescer de forma orgânica e sustentável, temos de ser criativos e conscientes para nos destacarmos.
Tendo começado com uma pequena coleção inspirada no block printing da Índia, como é que essa origem ainda influencia a estética e os valores da Gandaia?
A nossa primeira coleção inspirada no block printing da Índia foi um marco muito especial – quase como o primeiro passo de uma viagem que nos ajudou a definir quem somos. Embora hoje já não utilizemos essa técnica nos nossos processos, a estética e a paixão por explorar o mundo, cores, e culturas, continuam a viver na essência da Gandaia.