Shein | Fotografia: Getty Images/ Richard A. Brooks
Coolhunting

Nova polémica da Shein explicada: marca não confirma se usa algodão de região chinesa

Empresa não confirma proveniência do algodão de Xinjiang onde existe trabalho forçado de minorias étnicas uigures. Apenas confirma que algumas das suas peças são fabricadas na China.

A marca de ultra fast-fashion Shein está a braços com uma crise de credibilidade devido a controvérsias relacionadas com as suas práticas laborais e cadeia de abastecimento de fornecedores.

A gigante chinesa do fast fashion está no centro de duas polémicas: as condições precárias de trabalho nas suas fábricas subcontratadas e a suspeita de utilização de algodão proveniente de Xinjiang, uma região em que existe trabalho forçado de minorias étnicas uigures.

Investigações conduzidas pelo grupo suíço Public Eye revelaram condições alarmantes nas fábricas fornecedoras da Shein: os trabalhadores enfrentam jornadas de trabalho de 75 horas semanais, trabalhando em média 12 horas diárias, durante seis a sete dias por semana. Já os salários permanecem estagnados desde 2021, variando entre 6.000 e 10.000 yuans mensais, mas após dedução das horas extras, o valor base cai para 2.400 yuans, cerca de €318.

A situação tornou-se ainda mais crítica quando a empresa se recusou a esclarecer se usa algodão proveniente de Xinjiang durante uma audiência no Parlamento britânico. A advogada da Shein na Europa, Yinan Zhu, evitou responder a questões sobre o uso deste algodão, alegando que seria inapropriado para a empresa participar num "debate geopolítico". 

Esta postura evasiva gerou forte indignação entre os deputados britânicos, com o presidente da comissão Negócios e do Comércio do Parlamento britânico, Liam Byrne, a expressar uma ausência de confiança total nas operações da empresa. A advogada da empresa referiu que apesar de a Shein ter sido fundada na China em 2008, está sediada em Singapura.

Estas controvérsias já estão a afetar diretamente o negócio da Shein. A empresa enfrenta obstáculos para entrar na Bolsa de Londres, com uma avaliação estimada em 50 mil milhões de libras. 

Uma tentativa anterior de cotação em bolsa nos Estados Unidos já havia sido bloqueada por preocupações similares. Grupos de direitos humanos, como o Stop Uyghur Genocide, estão a trabalhar para impedir a entrada da empresa no mercado de ações britânico. 

A resposta da Shein tem sido insuficiente para acalmar as preocupações. Embora a empresa afirme estar a trabalhar para melhorar as condições dos seus trabalhadores, a falta de transparência e relutância em abordar diretamente questões mais sensíveis como a do algodão de Xinjiang, continuam a diminuir a sua credibilidade no cenário internacional.

Em comunicado, a Shein afirma que "cumpre as leis e os regulamentos em cada mercado em que opera" e que "está empenhada em garantir o tratamento justo e digno de todos os trabalhadores", investindo dezenas de milhões de dólares no reforço das áreas de governance and compliance. "Esforçamo-nos por estabelecer os mais elevados padrões de remuneração e exigimos que todos os nossos parceiros adiram ao nosso código de conduta. Além disso, a SHEIN trabalha com auditores para garantir a conformidade", refere a mesma nota.

Sobre o relatório publicado pela Public Eye, a Shein alega que não reconhece muitas das alegações referidas no documento que se baseia em entrevistas a 13 pessoas e que fez "progressos significativos na melhoria das condições" em todo o seu ecossistema.

"Embora todas as vozes da nossa cadeia de abastecimento sejam importantes, esta pequena amostra deve ser vista no contexto do nosso processo abrangente e contínuo para melhorar continuamente a nossa cadeia de abastecimento, que envolve milhares de fornecedores e trabalhadores."

Actualizado a 15 de Janeiro de 2025 com a inclusão da nota de imprensa da Shein.

Coolhunting

Da Lefties à Miu Miu: o casaco que sempre puseste de lado é tendência à chuva

Seja o que tens por casa, da Miu Miu ou da Lefties, o que importa é estares a par da tendência improvável que te vai salvar neste inverno, e não só.

Coolhunting