Dino Alves
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Anatomia da ModaLisboa. As tendências para 2023

Quem é quem? E o que vamos ver no próximo ano. A Versa traz-te os insights da Lisboa Fashion Week.

Lisboa é a última capital no calendário das semanas de moda internacionais, depois de cidades como Nova Iorque, Milão ou Paris. Durante quatro dias, desfilaram as coleções primavera/verão 2023 de designers nacionais – do Sangue Novo aos criadores já consagrados - e passaram outros protagonistas que, de forma orgânica, trouxeram energias diferentes e fizeram acontecer a Lisboa Fashion Week. “Foi uma edição fantástica. Tivémos o Luís Borges com o seu batismo e a sua mudança da passerelle para a marca própria, o Sangue Novo foi bombástico, o desfile do Miguel Flor foi um momento único e muito emocionante e tivemos uma mistura de públicos absolutamente extraordinária, público que nos acompanha há 30 anos com pessoas que voltaram à casa e público completamente novo”, começa por dizer, em jeito de balanço, Eduarda Abbondanza, Presidente da Associação ModaLisboa.

Por ser uma plataforma de comunicação da moda e dos designers nacionais, há toda uma estratégia para que cada pessoa presente, por si, seja emissora de uma mensagem. No final do dia quer-se “elevar a discussão sobre a moda, sobre temas como a sustentabilidade, a inovação, criar uma rede que possa trabalhar em conjunto e gerar negócios relevantes”, explica Joana Jorge, gestora de projeto da ModaLisboa.

Nas duas salas da Lisboa Social Mitra por onde se distribuiu o público desta edição, estiveram jornalistas e editores de moda (nacionais e internacionais); diretores de fotografia a arquitetos ou designers de produto (que não tendo a moda no seu core cruzam-se em termos de disciplinas e potenciam sinergias); opinion makers (nomeadamente da cultura e que têm uma forma própria de disseminar as mensagens); celebridades (como os embaixadores das marcas, uma vez que os criadores cada vez mais trabalham o seu nicho e os próprio de clientes);  influencers (cada vez mais estratégicos pelo reach e pelos diferentes públicos a quem chegam); e buyers (que em final de calendário das semanas de moda e já com as encomendas em curso, chegam mais para descobrir os designers nacionais, se enamorarem e concretizarem negócios mais tarde).

A ModaLisboa não se faz só de uma linguagem, temos linguagens e posicionamentos de marcas diferentes e a forma como organizamos o evento e planeamos os conteúdos mostra que não temos só uma visão de moda. Trabalhamos com designers com linguagens muito distintas e todo o público faz com que as mensagens possam tocar diferentes pessoas e mostrar a forma como hoje a moda nacional é relevante e inovadora. Portugal está na moda, Lisboa está na moda e a moda mostra-se de forma contemporânea”, acrescenta Joana Jorge.

O sitting é por todas estas razões (e equações) um dos trabalhos mais difíceis para a equipa, até porque nos últimos anos a cidade mudou, a imprensa mudou, os rostos mudaram e a ModaLisboa acompanha toda essa mudança.

Portugal dá espaço a uma nova criatividade, dá liberdade aos designers para criarem o que querem. Esta é a única plataforma que dá verdadeiramente espaço ao trabalho criativo dos designers. A moda portuguesa tem uma personalidade única, não vemos isto a acontecer em mais nenhum país", refere à VERSA Rosamaria Coniglio, uma das jornalistas internacionais especalizada em moda e que acompanhou o evento.

Insights e tendências para 2023

Criatividade Descomprometida:

Há uma nova geração a desenhar, o tipo de roupa e o entendimento de moda é outro. As questões da sustentabilidade, da inclusão, do genderless não é forçado, não é agenda, está lá naturalmente, é um ADN novo. Compreender esta nova geração faz parte da nossa missão, e dar-lhes palco enquanto criadores e aos seus públicos também. A maneira como pensam o projeto é muito fresco, é leve e tem um lado criativo, mas muito descomprometido.” Eduarda Abbondanza sobre o Sangue Novo

Colour Block: Estamos a viver uma explosão de cor e vai continuar no próximo ano.

Digital Print: Os estampados são uma proposta de criadores como Arndes, Kolovrat, Luís Buchinho e Carlos Gil. Vão marcar o próximo ano. 

Vi como tendência diferentes padrões usados com peças básicas, gostei muito de ver a forma como esses padrões surgem com peças em cores fortes” Angel Taranilla, jornalista Neo2.

Volumetria. Arquitetura. Geometria: Não estamos a viver uma época em que a moda seja muito estruturada, há volumetrias, mas sem grande estruturação.

Vi peças que podemos comparar à arquitetura de uma casa. As roupas são a alma da casa, não vejo como tendência, mas como um estilo, vestimos o que sentimos, talvez algo mais volumoso quando me sinto mais forte, ou mais fluído quando o meu espírito está mais leve. Encontramos em Portugal estas visões que não encontramos em mais nenhuma capital da moda internacional”. Rosamaria Coniglio, jornalista Manln & Artribune.

Genderless: 

Vemos moda de senhora ou moda de homem, mas tudo é vestível e é uma tendência comum a todos os designers. Vemos, por exemplo, os tops para homens que até aqui sempre foram peças para mulheres”, Eduarda Abbondanza.

Vi muito cor-de-rosa e lantejoulas (ou brilhos de uma forma geral) e as linhas entre o que é para homem e para mulher esbatidas, vejo-as a aproximarem-se de formas muito criativas como ainda não tinha visto”, Emma Feldner, Jornalista The Interline.

Streetwear: Que assistimos em propostas no Sangue Novo e em marcas como Duarte e Arndes. 

Irreverência:

Há cada vez mais diversidade estética. Tínhamos antes uma estética nacional muito segura, o Luís Carvalho, por exemplo, inovou nos fatos, com as camisas cortadas. Senti que vamos estar mais irreverentes nos próximos tempos. Já não estamos tanto dentro do quadrado que o nosso mercado pedia para se consumir”, Mónica Lafayette, Diretora arte e Fashion Stylist.

Básicos Reinventados:

Os básicos estão super inovadores e vão ser peças fundamentais. Basta ver por exemplo a camisa clássica do Luís Carvalho com as mangas mais compridas, é um clássico, mas mais irreverente, os nossos básicos estão a reinventar-se", Mónica Lafayette, Diretora de arte e Fashion Stylist.

 

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