Fotografia: reprodução YouTube
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A razão pela qual não devíamos gostar tanto dos What I Eat in a Day

É inevitável a curiosidade sobre os vídeos de What I Eat in a Day, mas até que ponto devemos seguir a alimentação alheia?

Em Portugal, quem acompanha a influencer Alice Trewinnard sabe que começa sempre o dia com um copo de água morna com limão, seguido de uma caneca de café e bebida vegetal. Já lá fora, nos famosos What I Eat in a Day, os exemplos vão desde os planos vegan aos mais ou menos fit, desde o de MadFit (como é conhecida Maddie Lymburner) ao da atriz Mila Kunis.  

A moda dos vídeos de What I Eat in a Day não é de agora, mas nunca se viram tantas partilhas, desde o YouTube ao TikTok. Resta perceber a razão do sucesso.  

“Sinto que há uma grande sede de conteúdos deste género, uma vez que as pessoas não têm imaginação para comer ou sentem que comem sempre o mesmo. Acho que genuinamente querem ser mais saudáveis, mas não sabem muito bem como. Então seguem-se por pessoas que admiram, que acham que são saudáveis ou têm o corpo ideal para elas”, disse a nutricionista Bárbara Oliveira à Versa.  

Fomos saber tudo sobre o outro lado desta moda.  

Porque é que os vídeos podem ser problemáticos

Há uma ponta de perigo nestes diários alimentares, essencialmente porque podem, por vezes, ser levados à letra.  

“Pode ser problemático porque as necessidades de cada um obviamente são individuais. E podemos falar de coisas tão básicas como o facto de as necessidades energéticas de uma pessoa com 50 quilos serem diferentes das de uma pessoa com 60 quilos”, refere Bárbara Oliveira.

O mesmo acontece com pessoas com patologias, como a síndrome do intestino irritável. "Ao não terem noção destas patologias, podem estar a comer coisas que não são adequadas para si”, continua.  

O What I Eat in a Day de uma nutricionista é mais fiável? 

Não necessariamente. Mais uma vez, tudo vai depender do que cada um retira do que vê.  

“O What I Eat in a Day de uma nutricionista não sei se é mais positivo, mas é certamente mais impactante. Porque é ‘ok, uma nutricionista sabe mesmo o que está a comer, portanto, se ela faz isto, é porque é mesmo o adequado’. Mas lá está: é o adequado para essa nutricionista, não para a população em geral.” 

Precisamente para reforçar esta ideia, Bárbara Oliveira decidiu partilhar uma espécie de "O que Não Comer Num Dia". "As pessoas têm de perceber que nestes vídeos têm de ter análise crítica. Queria mesmo chamar a atenção para o facto de que o que uma pessoa come num dia, primeiro, não é representativo de toda a sua alimentação, segundo, deve ser individualizado, porque as características de cada um também são individuais”.   

O lado positivo dos What I Eat in a Day 

Apesar de alertar para os perigos, a nutricionista Bárbara Oliveira destaca que não há problema de se fazer ou ver vídeos sobre a temática What I Eat in a Day, desde que sejam considerados como um meio para tirar ideias e não como um plano a seguir.  

"O que podemos tirar de bom destes vídeos são algumas ideias. Acho que não há drama na partilha, desde que o público que esteja a assistir não os vá ver e pensar ‘ok, então agora vou comer desta forma porque ela come também”.  

Além disso, alguns What I Eat in a Day podem ser também o quebrar de alguns receios sobre a alimentação. 

“Vamos imaginar que num destes diários alimentares se mostra que se come doces de vez em quando. Até acho que isto é positivo. Porque lá está: o que se come num dia não é exemplo do que se come todos os dias", refere Bárbara Oliveira.  

Uma moda que não é de agora 

Os What I Eat in a Day são como o lado moderno das partilhas de bons e maus exemplos de dietas e planos alimentares que já por aí andavam em revistas e online, antes de tudo ser partilhado em vídeo. 

“Tenho muitas pessoas que me chegam às consultas e que adotaram os hábitos do vizinho, ou porque leram na revista Maria que esta pessoa fazia isto ou porque seguiam no Instagram uma pessoa que comia aquilo. Ou que bebia o chá X", remata a nutricionista.  

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