Sem nos apercebermos, somos o habitat de mais de 100 triliões de microrganismos – bactérias, vírus, fungos e outros microrganismos unicelulares – que compõem a microbiota intestinal. Este valor aplica-se a todas as pessoas, mas a composição é diferente em cada uma, como consequência de diversos fatores, como a alimentação ou o estilo de vida.
A Versa colocou algumas questões sobre o nosso trânsito intentinal à farmacêutica e health coach Bárbara Marrucho, que está prestes a lançar o livro Plano para Uma Barriga Feliz. Antecipamos algumas dicas valiosas da especialista para o teu bem-estar intestinal.
O que causa a obstipação?
Primeiro é essencial decifrar o que significa obstipação e inchaço. Estão quase sempre relacionados, dado que “é muito raro alguém ter obstipação e não se sentir inchado”, refere Bárbara Marrucho, "porque se as fezes ficam presas no intestino, os gases também têm dificuldade em sair, gerando uma situação de desconforto e inchaço", acrescenta. Por outro lado, nem sempre em casos de inchaço gasoso e flatulência existe obstipação.
E, afinal, o que causa a obstipação? O problema é consequência de um conjunto de causas, sendo as mais frequentes a falta de fibra diária, a falta de água, a falta de movimentos intestinais (derivado do sedentarismo ou de problemas anatómicos), o stress e a ansiedade, de acordo com a farmacêutica.
O que pensas que estás a fazer bem, pode estar errado
Entre uma Internet que fornece informações nem sempre corretas e por vezes contraditórias, conclusões de estudos e opiniões distintas entre especialistas, é normal que por vezes não adotemos os melhores hábitos de nutrição, comprometendo assim o intestino. Mas ainda vamos a tempo de reaprender a trazer de volta o nosso bem-estar.
Como? Corrigindo estes erros simples.
1. Recorrer a grandes quantidades de sementes (como chia, linhaça ou abóbora) para facilitar o transito intestinal. “O consumo exagerado tem um efeito contrário e pode dificultar a ida à casa de banho. Ou então se a pessoa não beber água. A fibra só funciona se existir água a servir de veículo para transportar a fibra pelo intestino", explica Bárbara.
2. Não hidratar alimentos ricos em fibra. “Aconselho sempre a hidratação da aveia para que seja mais eficaz", refere a farmacêutica, que recomenda também a hidratação das melhores sementes para regular o intestino: as de linhaça e de chia. “As sementes de chia hidratam-se facilmente em 10 a 15 minutos e as sementes de linhaça necessitam de estar pelo menos 8 horas de molho para que se consiga digerir a casca".
3. Escolhas erradas em alimentos ditos “mais saudáveis”. Por sabermos que o açúcar não é o nosso melhor amigo, muitas vezes procuramos alternativas, mas, ao que parece, nem sempre são benéficas. “Estão muito na moda aqueles iogurtes proteicos com sabores a caramelo e baunilha, no entanto, os adoçantes artificiais são extremamente tóxicos para o intestino e para as bactérias lá presentes”, diz Bárbara.
4. Cortar a gordura porque “tem muitas calorias”. Errado. “É necessária para absorver algumas vitaminas que só são diluídas numa fonte de gordura. Isto previne o aparecimento de carências nutricionais. Por isso, adiciona azeite, frutos secos, sementes e abacate diariamente, em quantidade moderada”, remata a especialista.
Eis o que ajuda a regular o intestino
Apontados os quatro principais erros no que diz respeito à alimentação enquanto reguladora do transito intestinal, é altura de aprender as boas práticas. Anota as recomendações da lista que se segue, cedidas pela autora da página de Instagram Intestinology.
- Beber água e calcular essas necessidades. Precisamos de 35 ml por cada kg de peso;
- Adicionar kiwi, passas, tâmaras e figos secos à alimentação;
- Fazer exercício físico para que se consiga promover o funcionamento do intestino;
- Fazer uma massagem intestinal no sentido do ponteiro dos relógios, na zona abdominal, durante cinco minutos.