Por mais que estejamos alerta para o marketing envolvido em produtos de skincare, ouvir que um creme de olhos ajuda a disfarçar as olheiras e que um sérum atenua eficazmente as rugas é música para os ouvidos. Procuramos fórmulas milagrosas, sejam ou não caseiras, ou então descuramos totalmente dos cuidados quando a juventude é ainda uma vantagem.
Não faltam erros a apontar no que diz respeito aos cuidados com a pele e que nem a falta de tempo os pode desculpar.
"Todos nós temos mais ou menos tempo para dedicar aos cuidados com a nossa pele. Esta tem memória e por isso tudo o que fizermos de bom por ela hoje dará frutos no futuro. E o oposto também é válido”, refere Rafaela Ribeiro Massena, farmacêutica e prestadora de serviços de consultoria de skincare online (desde €30).
Rafaela ajuda a compreender cada tipo pele, as necessidades da mesma e formula uma rotina personalizada, “totalmente isenta e independente de vínculos com marcas”.
Até para os que têm menos tempo, consegue recomendar três simples passos: limpar a pele de manhã e à noite com um produto adequado e movimentos muito suaves; hidratar; e proteger com protetor solar diariamente.
O protetor é um daqueles produtos ainda pouco entendido e que faz parte dos cinco erros de skincare mais comuns, apontados pela especialista.
Ponto por ponto, entende o que andas a fazer mal e qual a solução.
1. Aplicar sumos cítricos para remover manchas do rosto
Por vezes procuramos soluções caseiras ora para poupar gastos em produtos no mercado, ora para adotar uma rotina mais natural. Mas uma coisa é certa: não tentes solucionar manchas no rosto com sumos cítricos.
“Esta prática está totalmente desaconselhada”, alerta Rafaela Ribeiro Massena. “Sabemos que a vitamina C, um excelente antioxidante, tem ação nas manchas provocadas pelo sol, mas aplicar sumo de laranja ou limão (ingredientes ricos nessa vitamina) poderá ter o efeito oposto e dessa forma aumentar a probabilidade de mancha”, continua.
Solução: “Se queremos utilizar a vitamina C (ácido ascórbico) devemos optar por um sérum rico nessa substância e associar sempre a um protetor solar com fator 50+. Existem no mercado outras substâncias muito interessantes quando o tema são as manchas (ácido kójico, ácido tranexâmico, etc)”.
2. Deixar a água micelar permanecer no rosto
O que não é recomendado: tirar a maquilhagem, passar água micelar no rosto e seguir para a cama. E por que razão estão errados? Porque a água micelar é um produto desenvolvido meramente para limpar o rosto.
"É constituída por micelas que são os elementos responsáveis por remover a sujidade da pele. Em teoria, estas mesmas micelas ficam agarradas ao algodão juntamente com a sujidade, mas na verdade não sabemos qual a quantidade que fica também na nossa pele”, diz Rafaela.
Solução: “Depois de passar o disco de algodão com a água micelar é conveniente passar o rosto por água, assim garantimos uma pele verdadeiramente limpa.”
3. Achar que pele oleosa não necessita de hidratação
Mentira.
“A pele oleosa pode apresentar sinais de desidratação (desconforto, descamação, vermelhidão...) e por isso necessitar de um hidratante na sua rotina. Uma coisa é água (hidratante), outra coisa é o sebo produzido pela pele”, refere a farmacêutica.
Segundo a especialista, o “simples ato de limpar a pele pode danificar o filme hidrolipídico”, composto de uma mistura de suor e sebo, deixando assim a pele vulnerável à desidratação. Todavia, nota, “podem existir casos em que a própria pele tenha mecanismos rápidos de reposição desse mesmo filme protetor”.
Solução: "Adaptar o creme hidratante ao tipo de pele."
4. Usar pasta de dentes para "secar" borbulhas
Quem nunca, não é verdade? Só não sabíamos o mal que faz.
“Esta prática pode fazer pior do que melhor. A pasta de dentes não deve ser colocada em cima das borbulhas, porque nela estão presentes ingredientes com elevada probabilidade de irritar a pele quando a pasta é aplicada durante longos períodos de tempo”, explica Rafaela.
A ideia de que a pasta de dentes ajuda no tratamento das borbulhas deriva do facto de conter agentes tensioactivos (que fazem a espuma) com propriedades antibacterianas, que suscitam como que um “milagre noturno".
Solução: “Existem diversos produtos específicos para esse fim, seguros e eficazes.”
5. Usar protetor solar só no verão
Apesar de ter solar no nome, o protetor solar não é para usar apenas quando está sol ou nas idas à praia no verão. O objetivo deste produto é proteger-nos das radiações ultravioleta (UV), que estão um pouco por toda a parte e cuja exposição prolongada pode provar alguns tipos de cancro ou envelhecimento cutâneo.
"As radiações UV estão presentes durante todo o ano e atravessam as nuvens, por isso, mesmo quando está a chover, estamos em contacto com essas mesmas radiações. Além disso, os protetores solares também nos protegem contra a radiação azul presente nos dispositivos eletrónicos”, refere a especialista.
Solução: "Aplicar protetor solar todos os dias, mesmo quando não vamos sair de casa.”